‘Amicitate’ > amizade.
A língua portuguesa recebeu influência directa da língua latina e, por isso, grande parte do vocabulário português teve uma história ligada sobretudo à oralidade.
Há um fenómeno característico da evolução da língua latina para a língua portuguesa que é a sonorização.
A consoante dental surda [t] mudou para a correspondente sonora [d] em posição intervocálica. Este fenómeno denomina-se abrandamento ou sonorização.
Numa segunda fase, por um caso particular de haplologia (supressão de uma sílaba idêntica ou igual, neste caso por queda da consoante t e da vogal anterior i), esta palavra tornou-se mais curta. Assim, ‘amicitate-’ > amicidade > amiçade. Há documentos do século XII que registam a palavra amiçade.
Posteriormente e mais uma vez por sonorização, a consoante sibilante surda ç que soava [s] passou à sonora correspondente [z].
Esta evolução deu-se portanto por via oral, registada já no século XIII.
Em documentos do século XVI, há registos da palavra amicidade, que corresponde a uma fase anterior. Estas ocorrências devem-se à relatinização da língua portuguesa que procurava aproximar a língua escrita da língua latina clássica.
Não obstante o esforço daqueles que desejavam a relatinização da escrita da língua portuguesa, foi a forma oral amizade que prevaleceu.