A primeira frase apresentada está correta. No português europeu, a posição lógica, normal, do pronome átono objeto direto ou indireto do verbo é a ênclise:
«Agarraram-na conseguindo, a muito custo, arrastá-la do quarto.»
«Na segunda-feira, ao ir ao Morenal, parecera-lhe sentir pelas costas risinhos a escarnecê-la.»
Contudo, no português do Brasil, a norma reconhece o uso generalizado da próclise, ou seja, da colocação do pronome antes do verbo. Assim, a segunda frase que apresenta é aceitável na variante do português brasileiro.
Podem-se considerar como características do português do Brasil e, também, do português falado nas repúblicas africanas:
a) a possibilidade de se iniciarem frases com tais pronomes, especialmente com a forma me:
«Me desculpe se falei demais.»
b) a preferência pela próclise nas orações absolutas, principais e coordenadas não iniciadas por palavra que exija ou aconselhe tal colocação:
«Se Vossa Reverendíssima me permite, eu me sento na rede.»
«A sua prima Júlia, do Golungo, lhe mandou um cacho de bananas.»
c) a próclise ao verbo principal nas locuções verbais:
«Não, não sabes e não posso te dizer mais, já não me ouves.»
«Tudo ia se escurecendo.»