O condicional pode ser um modo e pode ser um tempo. Como modo, veicula uma ideia de hipótese, desejo: «Gostaria de ir a Roma.» Note-se que está a perder o valor de delicadeza para o imperfeito do indicativo: «Queria um café, se faz favor.» Como tempo, localiza no futuro uma acção relativamente a um momento do passado: «Eu teria vindo mais cedo se tivesse sabido.»
Habitualmente, as gramáticas focam, ou realçam, uma das características. Quando o consideram como modo, incluem-no no presente, alinhando-o com os outros modos: indicativo, conjuntivo, imperativo, infinitivo pessoal. Do mesmo modo, incluem a forma composta no pretérito perfeito. Estou a descrever o modelo que é seguido na obra A Língua e a Norma: Gramática Pedagógico-Didáctica do Português, de Cristina Mello e José Neves Henriques, Lisboa, Plátano Editora, onde, a encabeçar as várias colunas, numa leitura vertical, vem o modo, e a introduzir as linhas, correspondendo a uma leitura horizontal, vem o tempo. Habitualmente – e seguindo o modelo descrito –, quando se classifica um verbo, costuma dizer-se presente do indicativo, presente do conjuntivo, mas imperativo presente, condicional presente, infinitivo presente. É pouco comum dizer-se presente do condicional.
Nas gramáticas em que se realça o valor temporal do condicional, não se fala, antes de mais, de condicional, mas sim de futuro do perfeito, futuro do passado, ou ainda futuro do pretérito. É esta a interpretação que preferem Cunha e Cintra na Nova Gramática do Português Contemporâneo.
Acima de tudo, em relação à designação que aponta, creio que ela corta, sem benefício algum, com uma tradição. Prefiro, por isso, a designação condicional presente, ou condicional simples, como também pode ser designado, quando pretender falar do modo condicional e futuro perfeito quando abordar aquela flexão do ponto de vista temporal.