1. Na primeira frase («Meio milhão de crianças trabalham ilegalmente»), segundo praticamente todas as gramáticas, é indiferente o verbo concordar com crianças ou com meio milhão. Pessoalmente – mas é uma questão de estilo... pessoal –, prefiro o singular quando o sujeito é expresso por um colectivo partitivo «com um complemento que designa o todo» ( que tanto pode se ser meio milhão, como a maioria ou a maior parte, qualquer deles partitivos equivalentes): «A maioria [ou a maior parte, ou dezena e meia, etc.] dos rapazes não dispunha (ou não dispunham) nem sequer de uma bicicleta» [in Tento na Língua! Gralhas que por aí grasnam...Erros que por aí grassam... de António Marques, ed. Plátano, Lisboa]. Cf. Mais de um milhão de pessoas usa, nas Respostas Anteriores.
2. Sobre a segunda frase volto a citar o prof. António Marques, na sua obra citada: «Trata-se de um erro que infelizmente se lê e ouve muitas vezes nos órgãos de comunicação social. Faltar é um verbo pessoal (pode variar em pessoa e número concordando sempre com o sujeito). Aquilo que falta é o sujeito sintáctico do verbo. Exemplos: "Faltam vinte dias para o Entrudo”, “Falta uma hora para o jantar”, “Faltam três sócios para haver quórum”. Quando o sujeito deste verbo é outro verbo (no infinitivo), esse infinitivo assume valor nominal exigindo o verbo no singular. Exemplo: “ Falta eleger dois dos seus membros.” Analisando a sintaxe desta frase, seria assim: predicado: “Falta”; sujeito: “eleger”; “dois dos sus membros” – complemento directo de “eleger” que nem pelo facto de assumir função nominal prescinde da sua sintaxe própria como verbo transitivo.” Em conclusão – e por analogia do que atrás ficou exemplificado – a frase em causa seria "Falta [e não “Faltam...] recolher 70 por cento dos inquéritos do Censos 2001”.
3. Errada está também a frase «Milhão e meio [de contos] 'voaram' na PSP». O verbo deve concordar obrigatoriamente com “milhão e meio” e nunca com o subententido complemento partitivo (de contos).