1 – Alina Villalva define, na Gramática da Língua Portuguesa de Mira Mateus e outras, página 982, reanálise como «um processo de formação de palavras que consiste na reintegração de uma estrutura sintáctica como uma palavra». Assim, por exemplo um utensílio que serve para proteger/guardar da chuva dá origem à palavra guarda-chuva, que retém o verbo e o seu complemento.
2 – A informação, eu diria essencial, que permite distinguir um composto morfossintáctico começa precisamente na parte da citação que não referem: «... a flexão de número afecta, de igual modo, todos os constituintes, tal como os contrastes de género…»
Sendo assim, poderemos considerar que, num composto morfossintáctico coordenado, ambas (ou mais?) as palavras associadas vão para o plural, ou para o feminino, como em surdo-mudo; surdos-mudos; surda-muda, surdas-mudas. Compreende-se, pois, a razão de serem constituídos por nomes e adjectivos.
Os casos de compostos em que duas palavras de classes diferentes se associam para criar uma nova palavra (na sua grande maioria um novo nome) inserem-se, segundo a autora citada acima, nos compostos por reanálise.
3 – Na sequ[ü]ência do que acabo de referir, as palavras guarda-chuva e abaixo-assinado são compostos morfossintácticos constituídos por reanálise.
Relativamente a pão-de-ló, eu diria que estamos perante um composto morfossintáctico de subordinação, pois creio que a relação que se estabelece entre os elementos constituintes é uma relação hierárquica, sendo «de ló» um complemento preposicional – ou complemento determinativo, como se designava antes da TLEBS – do nome pão.
Gostaria ainda de referir que este é um tema em mudança e acerca do qual as posições dos estudiosos não são, necessariamente, coincidentes.