Um nota prévia: A Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra (1984), não recorre ao termo «complemento circunstancial», mas sim a «adjunto adverbial» (p. 152).
Os termos do Dicionário Terminológico não devem ser estudados procurando sistematicamente uma correspondência com a terminologia de 1967. Em muitos casos, essa correspondência é impossível, porque os quadros teóricos que lhes subjazem — e, portanto, os princípios de classificação — não são os mesmos.
O que precisa de saber, relativamente aos constituintes de frase que têm por núcleo uma preposição ou adverbial, é se o constituinte é exigido pelo verbo ou se não é exigido pelo verbo. Se for exigido pelo verbo, é um complemento oblíquo:
Se não for exigido pelo verbo, é um modificador:
«O Zé partiu uma perna na garagem.»
Um dos testes possíveis para averiguar se o constituinte é ou não exigido pelo verbo é a clivagem:
«Foi meter o carro na garagem o que o Zé fez.»
«Foi partir uma perna o que aconteceu ao Zé na garagem.»
«Foi partir uma perna na garagem o que aconteceu ao Zé.»
Conforme se pode verificar, o complemento desloca-se obrigatoriamente com o verbo, mas o modificador tanto se pode deslocar como não.
Assim, por exemplo, relativamente ao complemento circunstancial de companhia, não há uma correspondência possível, mas duas:
«Vivi com o Zé durante dois anos e depois larguei-o.» (complemento oblíquo)