Começo por lhe agradecer o amável apreço das suas palavras. No meu foro íntimo substituo-as simplesmente por `um estudioso da comum língua´, como tantos dos bons companheiros nesta nossa Ciberdúvidas.
Vou responder ponto por ponto às suas questões.
Cardíacos e renais
Claro que para o povo as designações `os doentes do coração´, `os doentes dos rins´ são mais evidentes; mas temos de aceitar que na comunidade médica a substantivação dos adjectivos seja suficiente: `os cardíacos´, `os renais´. Aliás o processo é perfeitamente legítimo na língua: chama-se derivação imprópria.
-pata
Um dicionário de termos inversos dá-lhe uma informação exaustiva sobre os termos terminados com este elemento. Há mais de uma dezena deles dicionarizados, de que indico os mais significativos: cardiopata, fisiopata, homeopata, naturopata, nevropata, psicopata, telepata, etc. (pesquisa no CD-ROM Universal da Texto Editores).
Alcoólico e alcoólatra
Os significados são semelhantes, mas as utilizações dos termos divergem. Em Portugal usamos mais o termo alcoólico para quem tem o vício do alcoolismo; mas aceito que se possa usar alcoólatra com este sentido (Houaiss).
A propósito, não me parece que os irmãos brasileiros sejam complexados no uso da comum língua, e, se fogem dos termos aneufónicos, arcaicos ou rebarbativos, fazem muito bem. São qualidades da linguagem a clareza e a simplicidade de processos na transmissão da mensagem (precisão concisa).
Transplantado
Neste caso estamos em presença duma figura também perfeitamente legítima na língua: toma-se a parte pelo todo (metonímia), como, por exemplo, fazemos na expressão: `a mulher ocidental sente-se mais livre´.
Cateter
A palavra para ser pronunciada ¦catéter¦ precisaria de ser acentuada, segundo as nossas duas normas ortográficas (que, como já tenho escrito, muito pouco diferem). É sem acento que o termo está registado no Vocabulário da Academia Brasileira de Letras, 1998. Se, no entanto, há comunidades que preferiram usar *catéter, recomendo que se esteja atento à evolução da palavra. Lembro os fenómenos biopsia/biópsia, esta última já dicionarizada, e termóstato/termostato, esta última já tão generalizada em Portugal entre os técnicos, que termóstato parece hoje um pedantismo.
O que recomendo sempre, `nos termos que estão em transição´, é não pôr os acentos, o que passa por esquecimento e permite a dupla pronúncia. Nota: já sei que esta recomendação vai escandalizar os fundamentalistas da ortografia, mas repito o que sempre digo: `as regras convencionais existem para servir a mensagem, não o contrário´.
Ao seu dispor,