Hoje significa «o dia em que estamos». Ora, um dia conta-se desde as zero horas (numa noite, até às vinte e quatro horas da noite seguinte). Tudo o que se passar nesse período pode considerar-se que se passa nesse dia (hoje, se for essa a nossa referência no momento).
Assim, se num dado dia e numa dada altura nos estamos a referir a um acontecimento que ocorrerá na noite, depois das vinte e quatro horas desse dia, diremos: «a tantas horas da madrugada de amanhã», porque nessa altura mencionada já é outro dia. Da mesma maneira, se ocorreu antes das zero horas desse dia, diremos: «às tantas horas de ontem».
O problema, como muito bem sentiu na sua dúvida, é que existe no nosso espírito continuidade na noite, parecendo toda do mesmo dia. Se dissermos: «o espectáculo das 21h30 de hoje será repetido às 2h30 da madrugada de amanhã», pode ficar a incerteza sobre se essa repetição irá fazer-se na madrugada imediata ou só 24 horas depois.
Uma linguagem com qualidade atende aos matizes da nossa versátil comum língua, quando se deseja transmitir exactamente uma ide[é]ia. Neste caso, eu preferiria dizer, no exemplo apontado: «O espectáculo das 21h30 de hoje será repetido às 2h30 da madrugada que se segue.»
Ao seu dispor,