1. – Como não está regulamentada a ortografia de prefixos com nomes próprios, parece que cada um pode fazer como lhe parecer, o que poderia dar uma «salgalhada» de fazer rir.
2. – Mas se nos regularmos pelo que está regulamentado, teremos esta coisa caricata: escreveremos Anti-Soares, mas... mas como, Anticavaco, AntiCavaco ou Anti-cavaco? E no caso de topónimos: Antibrasil, AntiBrasil ou Anti-brasil?
3. – Interessa que o nome próprio seja facilmente identificável. Mas se se tratar dum nome pouco em voga e mesmo desconhecido para muita gente? Quem identificaria o apelido Canhão em anticanhão?
4. – Como a grafia de prefixo+nome próprio não está regulamentada, nós, o povo, é que temos de a regulamentar. E a melhor maneira de o fazermos é escrever a palavra sempre com hífen e o nome próprio sempre com inicial maiúscula, mesmo que seja escrito em sigla: anti-Cavaco, anti-Canhão, anti-Soares, anti-EUA. Haja uniformidade.
A necessidade de pôr o nome próprio em evidência vê-se já na designação antiga de Ante Christo.
5. – É certo que as grafias Anticristo e Anticatão nos fazem pensar e levam à hesitação. Mas, para o caso, temos de não as considerar, porque assim nos vieram do latim. Respeitemo-las. Mas as necessidades ortográficas actuais são outras.
6. – Sempre houve entre nós as ideias do contra, tanto relativamente a pessoas como a lugares. Sempre houve e sempre se mostrou falando e escrevendo, e ninguém empregava o prefixo anti-.
Diziam contra, em oposição, opondo-se, contradizendo, em contraposição, em discordância, discordando, contrariando, em contradição com, etc., etc. Como a nossa língua é rica!
7. – Em conclusão: não precisamos de anti-+nome próprio para nada! Mas como há outros povos que o usam... o portuguesinho quer fazer o mesmo para não se sentir diminuído. Será um pouco assim? Não sei. Cf. Anti-+nome próprio.