DÚVIDAS

Análise sintáctica: várias questões

Recorro uma vez mais aos vossos préstimos para poder esclarecer alguns pormenores relacionados com a análise sintáctica. A exposição que aqui faço não é tão breve como desejaria(íamos), mas a sua extensão decorre da própria complexidade do problema.
   Assim, após aturada pesquisa sobre o tema, no universo das gramáticas e prontuários, posso desde já retirar algumas ilações:
   A análise sintáctica é complexa e carece de urgente reformulação e tratamento gramatical. As diferentes abordagens a esta questão revelam-se díspares no que respeita à terminologia, processos e conteúdos.
   Alguns autores furtam-se a dar respostas a questões que, neste domínio, me parecem sobejamente pertinentes.
   O processo de análise que vou utilizar –– o sublinhado –– também não é universal, mas é o que habitualmente adopto, por ser claro e prático.
   Tomemos como exemplo aseguinte frase:
   O livro foi lido pela Joana
   s. p. c.a.p.
   O livro foi lido pela Joana
    s. p. c. a. p.
   Isto é, o predicado engloba também o complemento agente da passiva (2.ª frase) ou, pelo contrário, este está excluído dessa função essencial (2.ª frase)?
   O predicado é verbal, nominal ou verbo-nominal? Porquê?
   Vejamos outro caso:
    Fui a Lisboa
   s. (subent.) p. c.c.l. (onde)
    ______ Fui a Lisboa
   s. (subent.) p. c. c. l. (onde)
   Qual é a análise correcta? De acordo com um dos exemplos anteriormente fornecidos por um dos vossos colaboradores, em tudo semelhante a este –– "A Joana caiu no poço." (?)––, será a 2ª frase. Contudo, as gramáticas, de um modo geral, afirmam que os verbo "ir", neste caso –– porque noutros pode ser núcleo de um predicado nominal ––, integra um predicado verbal. Ora, os complementos circunstanciais, segundo julgo, nunca podem integrar o predicado!
   Contrariamente a esta perspectiva, a obra escolar "TDG2", da Didáctica Editora, tem uma perspectiva que, à luz dos ensinamentos mais tradicionais, é "do outro mundo". Vejamos:
   "O predicado é a função sintáctica desempenhada pelo SV. O predicado pode ser:
   Verbal se o seu verbo for um verbo de acção:
   Transitivo se tiver complemento:
   directo: A Ana come um bolo. (SV – V+SN)
   indirecto: A Ana fala ao João. (SV – V+SP)
   directo e indirecto: A Ana dá um bolo ao João. (SV – V+SN+SP)
   c. circunstancial de lugar (com um verbo locativo): A Ana vai a Lisboa. (SV–V+SP)
   (...)"

Resposta

De facto, a nossa terminologia gramatical precisa, urgentemente, de ser reformulada. A única terminologia legal data de 1967, publicada pelo Ministério da Educação Nacional, e intitulada «Numenclatura Gramatical Portuguesa – Texto Oficial e Trabalhos Preparatórios».
   A linguística moderna veio trazer muitas alterações. Perante isto, hesitamos: qual devemos preferir, a que é legal e/ou a que ainda não é? E ficamos assim, sem saber o caminho que devemos seguir. Coitados dos professores e dos alunos!
   Vejamos então, as frases apresentadas:
   1.- O livro foi lido pela Joana.
   Esta oração tem dois elementos:
   a)Sujeito: O livro
   b) Predicado: foi lido pela Joana.
   O sujeito é o elemento da oração que indica, ou designa, o ser acerca do qual se diz alguma coisa.
   O predicado é aquilo que se diz a respeito desse ser. É evidente que o substantivo ser não se refere aqui apenas à realidade material, que podemos ver a apalpar, mas também àquilo que existe apenas em nosso pensar e sentir.
   O predicado desta oração tem dois elementos:
   a) O núcleo: foi lido
   b) O complemento do núcleo, chamado complemento agente da passiva: pela Joana.
   Não sei se é isto que pretende.
   Nota. – nesta sua consulta, há uma deficienciazita: não se diz o que significa s, p e c.a.p. Para mim, pode significar uma coisa, para o prezado consulente, pode significar outra. O mesmo acontece acerca da frase que vem a seguir.

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