Aparentemente, gera-se uma ambiguidade, promovida pela ausência do sujeito na oração subordinada.
Vejamos a frase:
«A sogra bateu na nora porque estava bêbeda.» é constituída por duas orações, a subordinante, «A sogra bateu na nora», e a subordinada adverbial causal, «porque estava bêbeda».
A oração causal apresenta a causa do acontecimento da oração subordinante. Segundo o Dicionário Terminológico, «exprime a razão, o motivo (a causa) do evento descrito na subordinante ou apresenta uma justificação para o que é expresso na subordinante».
Assim, parece-nos que o acontecimento da oração subordinante, a ação donde tudo decorre, determina o motivo da adverbial, significando que, no caso em apreço, por estar bêbeda, a sogra bateu na nora. O sujeito da oração subordinante mantém-se na subordinada, daí a permitida ausência nesta oração, onde está subentendido. Se fosse a nora que estava bêbeda, a frase teria de ser mais clara com a evidência de um sujeito diferente e expresso: «A sogra bateu na nora porque esta estava bêbeda.»
Por último, se invertermos a ordem canónica, fica mais fácil a compreensão da frase: «Como estava bêbeda, a sogra bateu na nora.» – pois o antecedente de sogra é bêbeda.