Alterno e alterne são palavras utilizadas com o mesmo sentido em várias regiões de Portugal, estando dicionarizada há muito a primeira - da qual terá nascido a segunda.
Os dicionários que mencionam alterno (do latim alternu-) não se referem às «raparigas do alterno ou do alterne», mas dão um significado que se aplica à actividade delas («alternado, sucessivo, revezado»), ou seja, que se podem revezar, suceder, alternar à mesa com um ou mais clientes, no intuito de os levarem a consumir bebidas de alto preço.
O neologismo alternadeira não me parece mal formado, mas já está dicionarizada palavra equivalente: alternante. Alternadeira tem, contudo, duas vantagens: a sonoridade e o uso.
No Brasil, segundo me diz Amílcar Caffé, a alternante chama-se «garota de programas» e trabalha num «bar de programas». Lá como cá, o «programa» - dependendo, obviamente, do bar - pode não incluir o que habitualmente se designa como «prostituição».
Isto é: uma coisa é o alterno e outra a prática de um acto sexual em troca de dinheiro. Mas em grande parte dos caos confundem-se.
Ainda assim, não será o primeiro nem o último o «pato» que passa uma noite a beber espumante ao preço do champanhe - enquanto a alternante ingere «flutes» de chá -, na perspectiva de ir para a cama com ela, e causa distúrbios no bar quando, lá para as 5 da manhã, verifica não ter retorno a ida dela à casa de banho. Nestes bares, mesmo quando só há uma entrada, costuma haver mais de uma saída.