Comecemos por alectuamento, que se encontra no Novo Dicionário Compacto da Língua Portuguesa (versão da 10.ª edição do dicionário de António de Morais Silva), com o significado de «processo usado no curativo de algumas formas de alienação». A definição é muito sumária, mas é legítimo supor-se que o referido processo consistisse em confinar à cama o paciente, pelo que é aceitável, também, aplicar o vocábulo a qualquer situação deste tipo.
Quanto a alectuado, os dicionários gerais não o acolhem. Contudo, a palavra encerra o mesmo radical que alectuamento, pressupondo um verbo alectuar, que os dicionários não atestam. Mesmo assim, em trabalhos científicos, a palavra pode ocorrer, sendo definida como o mesmo que acamado, uso que se exemplifica a seguir (sublinhado nosso):
(i) Os domínios transferir-se, elevar-se e virar-se, tal como foi referido na análise fatorial, pela proximidade conjunta identificada, refletem a capacidade de a pessoa se posicionar e deslocar do local onde se encontra (cama/cadeira) traduzindo um perfil de dependência designado por alectuado enquanto estado de confinamento ao leito (ACSS, 2010), ou como tradicionalmente é referido, pessoa acamada ou grande dependente. (Andreia Cátia Jorge da Silva, Famílias Que Integram Pessoas Dependentes no Autocuidado – Estudo Exploratório de Base Populacional no Concelho do Lisboa, tese de doutoramento em Enfermagem, Universidade Católica Portuguesa, 2013, p. 287.)
A citação remete para a codificação do Portal da Codificação Clínica e dos GDH.
Trata-se, portanto, de um termo que não parece ocorrer na língua não especializada, como se sugere aqui. Sabemos também que é usado por vários profissionais da saúde, podendo uns considerar que o termo alectuado é mais formal que acamado; outros não se afastam muito desta posição, quando dizem que alectuado é mais científico, talvez porque o seu uso se restringe a uma comunidade científica, sem se introduzir no discurso corrente. Ambas as argumentações são legítimas, porque, numa área de especialidade, os termos empregados não podem ser ambíguos, ao contrário do que acontece na linguagem vulgar; e se uma palavra tem forma e significados próprios numa dada área científica, tanto melhor, porque satisfaz a exigência de clareza e ausência de ambiguidade de qualquer terminologia.