A palavra afinal não poderá ser classificada como conjunção. Trata-se de um marcador discursivo.
As conjunções têm, em sintaxe, comportamentos típicos. Entre eles poderemos apontar o facto de não terem mobilidade na frase. Veja-se o contraste de comportamento entre mas e afinal nas frases seguintes:
(1) «Ele já concluiu o trabalho, mas não o entregou ainda.»
(1a) «*Ele já concluiu o trabalho, não mas o entregou ainda.»
(2) «Esqueça aquela garota, afinal ela não merece seus sentimentos.»
(2a) «Esqueça aquela garota, ela, afinal, não merece seus sentimentos.»
Mas tem comportamento típico de uma conjunção, pois não admite alteração do seu lugar na frase, ao passo que afinal se caracteriza por alguma mobilidade dentro da oração. Por esta razão, afinal deverá ser considerado um marcador discursivo.
Os marcadores discursivos desempenham a função de sinalizar o tipo de conexão entre enunciados. Note-se que, em muitos casos, o texto pode não incluir marcadores discursivos, mas estes vêm facilitar a leitura e a interpretação dos enunciados.
No caso particular da frase (2), afinal é usado com um valor de justificação ou explicação, sinalizando que o enunciado que ele introduz funciona como uma justificação do que se afirma no enunciado anterior1.
*Assinala a inaceitabilidade da frase.
1. Para mais informações sobre os valores e funcionamento de afinal como marcador discursivo, cf. Ana Cristina Macário Lopes, “Afinal: elementos para uma análise semântico-pragmática”, in Revista UFRJ, 2008.