O único acordo em vigor (o de 1945, rectificado em 1971/73), por sinal, fez há muito perder o chapeuzinho do cujo dito: acordo, assim mesmo, e já não "acôrdo". Foi a abolição, total, do acento gráfico das palavras homógrafas, salvo pôde/pode, bem como dos acentos nas palavras tónicas secundárias terminadas em -mente (amavelmente, lamentavelmente e já não "amàvelmente"/ "lamentavelmente") ou com sufixos iniciados por z (Zezinho e já não "Zèzinho").
Abolição total é como quem diz: os brasileiros, que, até 73, ainda foram assinando todos os acordos propostos do lado de cá do Atlântico, na prática, continuaram a escrever como sempre escreveram: "acôrdo"/ "acôrdos". De tal modo que nem subscreveram, ainda, o chamado "projecto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa", aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e as delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão de observadores da Galiza.
Quanto às alterações propriamente, resultado das cedências de parte a parte (a parte portuguesa e a parte brasileira), as mais importantes, até pela polémica envolvente, referiam-se às sequências consonânticas.
Numas, propunha-se a sua conservação: apto, adepto, compacto, convicção, convicto, díptico, erupção, eucalipto, ficção, friccionar, inepto, núpcias, pacto, pictural, rapto.
Noutras, propunha-se a sua conservação ou eliminação, conforme as consonantes tendam a ser proferidas ou, pelo contrário, emudecidas: aspecto/aspeto, cacto/cato, caracteres/carateres, ceptro/cetro, concepção/conceção, corrupto/corruto, dicção/dição, facto/fato, recepção/receção, sector/setor.
Também se propunha a eliminação das sequências interiores mpc, mpç e mpt: assumpção/assunção, assumpcionista/assuncionista, assumptível/assuntível, peremptório/perentório, sumptuoso/suntuoso, sumptuosidade/suntuosidade. E admitiam-se as duas grafias conhecidas em outras sequências, como nas palavras súbdito/súdito, subtil/sútil; amígdala/amídala, amnistia/anistia, etc.
Como sabe, tudo isto ficou no papel das intenções dos professores Lindley Cintra e Celso Cunha, ambos entretanto já falecidos. Boas ou más intenções, segundo a legião dos pró ou contra um mesmo padrão ortográfico para os sete países de língua oficial portuguesa.