Do ponto de vista fonético, tal como o consulente sugere, as semivogais (ou glides), [j] e [w], «constituem com as vogais que as antecedem ditongos crescentes» (Maria Helena Mira Mateus e outros, Gramática da Língua Portuguesa, 2003, p. 993).
É verdade também o que diz o consulente no que diz respeito à pronúncia do l velar no português do Brasil, em sintonia com as conclusões de Paul Teyssier (História da Língua Portuguesa, São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 67):
«Na pronúncia mais comum, o [ł] velar, que é, em Portugal, a realização de todos os ł em final de sílaba, vocaliza-se em [w]. Escreve-se animal, Brasil, amável, sol e pronuncia-se [animąw], [brasiw], [amávęw], [sɔw]. A distinção entre mal (advérbio) e mau (adjetivo) desaparece.».
Porém, o referido autor acrescenta a esta constatação várias notas importantes, salientando que «somente o extremo sul do país [Brasil] mantém regularmente a antiga distinção [a mesma verificada actualmente no português europeu]»,1 que «em registros muito vulgares dá-se até o desaparecimento puro e simples do antigo l em posição final absoluta: ex.: generá (general), coroné (coronel)» e, finalmente, que «quando fecha sílabas internas, documenta-se, nos mesmos registros, a sua passagem a r; ex.: arto (alto), vorta (volta)».
1 Na linha, aliás, do que é referido por Cunha e Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 31.