Como a sra. professora sabe, a vírgula separa numa enumeração os elementos somados. Quando nela “não” se conclui com a aditiva e, deixa-se a hipótese de haver mais elementos possíveis na enumeração (ex.: «na gaveta estão lápis, cadernos, livros»).
Começando-se por caracterizar o número de elementos do conjunto (ex.: «o casal tradicional: marido, mulher») não é necessária a aditiva e. No entanto, a verdade é que as redundâncias condenadas por alguns puristas não escandalizam o senso comum [ex.: «o casal hétero tradicional: marido e mulher» (duas redundâncias)] pois servem de realce (são expletivas ou enfáticas).
Em resumo, no caso em apreço, eu escreveria «… para o biénio dois mil e nove, e dois mil e onze.» Ou seja, porque as aditivas somam elementos diferentes (numerais e anos), eu acrescentaria uma vírgula depois da palavra nove.
NOTA FINAL
Depois de publicada esta resposta, os meus colegas de Ciberdúvidas, que gentil e rigorosamente fazem a revisão dos textos, lembraram-me que se poderia usar o hífen para agrupar o biénio num encadeamento vocabular. Sugeriram: «biénio dois mil e nove - dois mil e onze».
Não me tinha lembrado da solução, senão teria proposto na resposta a representação por algarismos. Mas, então, deveria propor «biénio 2009-2010» (subentendendo-se anos completos: do início de 2009 ao fim de 2010).
Houve em toda esta questão um equívoco. A diferença entre 2009 e 2011 é efe{#c|}tivamente dois; ora nós não estamos a comparar números, mas a fazer uma avaliação de tempo.
Assim, podemos falar da distância Lisboa-Porto (considerando que estamos a tomar o limite final da zona da cidade de Lisboa e o limite inicial da zona do Porto. Também no caso de duas povoações A e C com uma intermédia B, subentende-se nesta ideia que é B a distância A-C.
Repare-se que nas povoações contíguas fica sem sentido o encadeamento A-B ou B-C, a não ser que se definam os limites de início e fim em cada um dos pares acima.
O raciocínio para tempo entre anos ainda precisa de ser mais bem definido. O tempo que medeia entre 2009 e 2011, não será só o ano de 2010. Intuiti-vamente estabelece-se que vai de 1 Janeiro de 2009 ao instante em que começa 2011, isto é, no instante em que termina 31 de Dezembro de 2010. O encadeamento 2009-2011, em que estamos considerar o tempo das grandezas assim designadas, não é a mesma coisa que o encadeamento Lisboa-Porto, em que só consideramos uma distância intermédia. 2009-2011 pode representar um intervalo de 3 anos, se tomarmos o início de 2009 e o fim de 2011…
Resumindo, a observação pertinente dos meus colegas, ante a imprecisão da minha resposta, obriga-me agora a reformulá-la.
Assim, com mais precisão escreveria: «o biénio dois mil e nove mais dois mil e dez, anos completos» ou «o biénio desde 2009 a igual data de 2011» ou, ainda, como propõem os meus colegas: «biénio dois mil e nove - dois mil e onze», a que sinto necessidade de acrescentar “em 1 de Janeiro”, ou outra data se for caso disso.
Sublinho ainda que nas normas não está previsto que os membros do encadeamento vocabular tenham ambos mais que uma palavra e que não haja espaços antes e depois do hífen (ex., Base XXXII: «a estrada Rio de Janeiro-Petrópolis»). Os espaços antes e depois do hífen na frase proposta foi a solução elegante que os meus colegas escolheram para significar que o hífen liga expressões. Nestes casos, costumo agrupá-las com sinais auxiliares: `dois mil e nove´-`dois mil e onze´.
Todo este arrazoado parece ocioso, mas a verdade é que num texto onde se exija precisão no período considerado, deixar esse prazo implícito na palavra biénio, como eu fiz, pode implicar uma má interpretação, porque não se trata simplesmente da diferença entre os números onze e nove igual a dois, mas da diferença entre grandezas extensas com essa designação.