Um computador programado para nunca aceitar um conjunto de algarismos com duas vírgulas poderia ficar pendurado na expressão: «a classificação foi de 10,5, a mais elevada da turma». O cérebro humano experiente na língua separa automaticamente as funções das duas vírgulas, “embora o agrupamento ‘10,5,’ seja estranho”. Conclui, mesmo sem raciocínio consciente, que a segunda vírgula pertence ao texto, porque não existem números com duas vírgulas e porque a segunda fica sem significado no número por não ter algarismos à direita.
Poderá é haver problema se a segunda vírgula estiver gramaticalmente incorrecta, como acontece na frase acima entre comas (vírgula entre o sujeito e o predicado); em que, então, a vírgula pode ser entendida como pertencente ao grupo de algarismos (como, aliás, era essa a intenção no contexto).
Penso que só podemos usar o ponto e vírgula a seguir ao grupo de algarismos, se a pontuação continuar gramaticalmente correcta e a maior pausa resultante for aceitável no fluxo de pensamento pretendido para o consulente. Não aconselharia este sinal nas utilizações tradicionalmente reservadas à vírgula. Na sua frase, poderia utilizar os dois pontos, o travessão ou mesmo o parênteses, se estivesse a dirigir-se a leitores com pouca experiência na língua.
Ao seu dispor,