O presidente da Junta da Freguesia de Romãs, no concelho de Sátão, declarou que desconhece a origem do nome do monte da Paradaia. Neste local funciona uma extracção de granito. Não há residentes neste local. Também desconhece a existência do monte da Pardaia.
No blogue Toponíma: Gentes & Lugares, às 18 horas do dia 23 de Abril de 2009, foi publicado o seguinte artigo acerca do topónimo Paradaia, assinado por Manuel Carvalho:
«Pede-me um leitor deste blogue para estudar a possível origem do topónimo Paradaia, que identifica um monte na freguesia de Romãs, concelho de Sátão. O topónimo em questão é ignorado pelos nossos documentos oficiais, que, para o mesmo acidente geográfico, registam os nomes de monte do Barrocal ou monte de Nossa Senhora do Barrocal. Acrescenta o nosso consulente que, neste lugar, estão referenciados "uma necrópole, um castro e uma igreja moçárabe".
Uma rápida pesquisa permitiu-me acrescentar algo mais a estas informações, como seja o fa{#c|}to de ali se realizar, no dia 2 de Fevereiro de cada ano, a romaria de Nossa Senhora do Barrocal, em honra de Nossa Senhora das Candeias, orago da capela ali existente, a que o povo chama Capela das Candeias ou da Fevereirinha.
Esta romaria corresponderá, quase pela certa, considerando as particularidades do lugar e os respectivos achados, à cristianização do festival celta do primeiro dia de Fevereiro, conhecido por Imbolc "Purificação" ou Dia da Senhora, que honrava a deusa Brigitt, "filha do deus Dagda, a deusa tripla dos cabelos de ouro. Era a mãe, a filha e a esposa dos deuses das origens e dos primeiros druidas. Personificava a poesia, a saúde, a força, a adivinhação, a inteligência e protegia o lar". O processo da cristianização, perante a dificuldade em erradicar as múltiplas manifestações da religião e dos costumes pagãos, transformou esta deusa Brígida em Santa Brígida , arvoradando-a em padroeira da Irlanda, com culto generalizado nesse mesmo dia 1 de Fevereiro.
A ocupação romana trouxe consigo um pouco de todo o império, incluindo, como não podia deixar de ser, a sua religião, abrindo caminho a novos sincretismos.
Neste mesmo mês de Fevereiro, entre os dias 13 e 21, a velha Roma promovia um dos seus maiores festivais religiosos, que pretendia honrar os mortos e aproximar os membros da família, envolvidos na visita aos túmulos dos seus familiares, onde levavam flores e oferendas de sal e de pão embebido em vinho.
Considerando as características do monte da Paradaia e a existência ali de uma necrópole, pensamos ter encontrado a resposta para a origem deste topónimo no festival religioso a que acabámos de aludir. A legitimação desta hipótese, que até o nome da freguesia parece confirmar, deixamo-la a cargo de quem melhor a pode fazer: a arqueologia.
Parentalia era o nome deste festival, e daqui podia derivar o nome Paradaia, mediante fenómenos fonéticos presentes na formação da língua portuguesa:
Parentalia >
> *parantalia (assimilação da segunda sílaba por influência das envolventes);
> *paratalia (assimilação progressiva da segunda sílaba por desnasalação);
> *paradalia (por sonorização do intervocálico -t- > -d-);
> Paradaia (por síncope do -l- intervocálico).»