A informação que se segue é quase toda retirada de José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, acompanhada, nos dois últimos casos, de brevíssimos comentários meus.
Covelos
«Dim. do ant. adj. covo [«local baixo, fundo»], com valor topográfico, não sendo impossível, em alguns casos, a relação com cubelo, torre de fortificação.» É frequente no plural.
Fórnea
Arganil, Gouveia, Lousã, Mafra, Lugo (Galiza). Acrescenta Machado: «Creio estar relacionado com forno. Não me parece possível a origem num lat. furnea [como defendeu o linguista Joseph-Maria Piel], donde viria *fronha ou coisa semelhante.»
Rogela
Feminino de Rogel, «provavelmente do fr. Roger, equivalente de Rogério ou mesmo Rogeiro».
Sarnadinha
Machado considera esta forma toponímica uma variante de Cernadinha, topónimo que resulta do diminutivo de Cernada (a que correposnde também um avariante em s- inicial, Sarnada); este, por sua vez, é derivado de cerna, «seara». Contam-se ainda as formas Cernado, Cernadelo, Cernadas com as variantes Sarnado, Sarnadelo e Sarnadas, bem como Cernadinhas e Cernadinho.
Se todos estes topónimos derivam de cerna, parece que as formas mais correctas serão com c-. Não é bem isso que se acontece, porque cerna, no sentido de «seara», é o mesmo que cenra ou senra (cf. Cândido de Figueiredo, Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 3.ª edição, e Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado). Ora, tenho dúvidas de que o c- de cerna seja etimológico, porque a variante portuguesa senra encontra correspondente no galego senra, com s- inicial (cf. Dicionário Electrónico Estraviz, em http://www.agal-gz.org/estraviz e o Diccionario da Real Academia Galega, em http://www.edu.xunta.es/diccionarios/BuscaTermo.jsp). Este aspecto é importante, porque em galego não costuma haver confusões entre as letras c e s, que representam sons diferentes com origens fónicas diferentes. Sabendo que senra e seara são resultados divergentes do mesmo étimo *senăra, «campo que se lavra à parte», provavelmente de origem pré-romana (ver Dicionário Houiass), fica claro que é a letra s que melhor reflecte a história do termo em apreço. Do ponto de vista etimológico, concluo, portanto, que as formas com s- são conservadoras, apesar de, na variação entre Sarnadinha e Cernadinha, o a em lugar de e ser também inovador.
Trevim
Machado não explica a origem deste topónimo, limitando-se a dizer que designa o ponto culminante da serra da Lousã, que também é conhecido como Alto (do) Trevém. Acrescenta ainda que existe um Trebín na província de Lugo, na Galiza. Terá este topónimo algo que ver com o termo latino trifinium, «pedra que define a fronteira entre três comarcas»? Se tiver, então está relacionado com nomes como Treviño (Corunha e enclave da província de Burgos no País Basco, em Espanha; cf. Fernando Cabeza Quiles, Os Nomes de Lugar, Vigo, Edicións Xerais de Galicia, 1992, pág. 480).