As citações não estão correctas. Na acepção que os citados cronistas quiseram empregar, o substantivo moral deveria ser do género masculino, significando «estado de espírito, ânimo». Moral pode, de facto, ser também do género feminino, mas aí significa outra coisa. Veja-se o que diz o dicionário da Porto Editora: 
 
 substantivo feminino 
 1. conjunto dos costumes e opiniões de um indivíduo ou de um grupo social respeitantes a comportamento; 
 2. conjunto de normas de conduta consideradas mais ou menos absolutas e universalmente válidas; 
 3. Filosofia domínio da filosofia que se ocupa dos problemas relativos à conduta do homem na sua vida pessoal e na sua vida social; 
 4. teoria, geralmente considerada normativa, do dever e do bem; 
 5. tratado sobre o bem e o mal; 
 6. sistema particular de ética (estóica, cristã, kantiana, existencial, etc.); 
 7. sinónimo de ética 
 
 substantivo masculino 
 1. conjunto das funções psíquicas; 
 2. conjunto dos fenómenos da vida mental, por oposição à vida do corpo; 
 3. estado de espírito; 
 4. nível de tonicidade individual ou colectiva (da depressão profunda à confiança plena); 
 
 adjectivo 2 géneros 
 1. referente aos costumes, ao psiquismo, à moral ou ética; 
 2. que é de ordem espiritual e tem valor espiritual (os valores morais); 
 3. que é conforme às regras da ética; 
 4. que respeita ao estudo filosófico do bem e do mal; 
 
 Sobre a diferença entre a moral e o moral escreveu Rodrigo de Sá Nogueira, no seu Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem (Livraria Clássica Editora, Lisboa, 2.ª edição, 1974):
«Moral (no feminino) é "a parte da filosofia que trata dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens para com os outros homens"; no masculino (...) é "tudo que diz respeito à inteligência ou espírito por opsição ao que é material". Dizemos com propriedade: "F... tem uma moral detestável", isto é, "um sentimento e um procedimento contrários aos bons costumes"; "F... está com um moral desgraçado", isto é, "num estado de espírito de desalento, de derrotismo.»
Concluindo: ainda há muita gente por aí com cátedra na escrevinhação, mas sem (a) moral para confundir assim o moral de quem preza a língua portuguesa...
 
                     
						 
	



