A sua pergunta levanta questões interessantes do ponto de vista linguístico:
1.º: Tratando-se de um escritor angolano, não deve esperar-se um Português exactamente igual ao que habitualmente se vê nos textos escritos por autores de nacionalidade portuguesa, já que o Português, como língua, possui uma série de variedades (o Português do Brasil, o Português de Cabo Verde, de Moçambique, etc.) que têm características específicas, quer do ponto de vista lexical, sintáctico, morfológico, semântico ou fonético. Naturalmente há um padrão (aquele que é falado na região de Lisboa), mas nem sempre é fácil, possível ou até aconselhável segui-lo. Devemos, por isso, estar abertos a essas variedades, aceitá-las como tal e não tomá-las como desvios incorrectos da Língua.
2.º: Relativamente à questão propriamente dita, começo por dizer-lhe que, na verdade, a frase não tem dois sujeitos. A verdade é que a frase, do ponto de vista sintáctico (tradicional), é permitida, já que aquilo que está entre vírgulas ("os meninos") se trata de um “aposto” ou "continuado" da expressão-sujeito "a gente". É, digamos, uma especificação do que é dito antes. Assim sendo, o verbo deve, como acontece, concordar com o sujeito "a gente".