A expressão completa é, de facto,«sic transit gloria mundi». Vamos traduzir por partes:
sic = assim, desta forma, desta maneira
transit = passa
gloria mundi = a glória do mundo, a glória mundana
Ou seja, «a glória mundana, a glória das coisas terrenas, passa desta forma». De que forma? O provérbio não diz, mas subentende-se que é depressa, sem deixar rasto. Ou seja, a glória na terra é passageira, é efémera, em contraste com a glória celeste.
Há quem diga que esta frase remonta à Imitação de Cristo (De imitatione Christi, 1418), célebre obra de Tomás de Kempis (c. 1380-1471), na qual se pode ler «O quam cito transit gloria mundi» (I.3.6) (= «oh, como passa depressa a glória mundana»). No entanto, estou em crer que é mais antiga. Talvez tenha origem em provérbios latinos em voga na Idade Média, ditos e reditos para alimentar o fervor religioso das comunidades monásticas. Encontrei dois que talvez esclareçam mais esta questão:
«Ut flatus venti, sic transit gloria mundi» (= «tal como um sopro de vento, assim passa a glória mundana»).
«Ut stuppae flamma, sic transit gloria mundi» (= «tal como a chama de uma estopa, assim passa a glória mundana»).
Como o vento sopra depressa, e como a estopa também arde em dois tempos, fica desvendado o significado de sic na expressão remetida pelo consulente.
Por último, refira-se que, durante a cerimónia de posse dos papas recém-eleitos, era usual (não sei se ainda o é) pronunciar-se três vezes a frase «Sancte Patre, sic transit glori mundi» (= «Santo Padre, a glória mundana é passageira»), ao mesmo tempo que um frade queimava uma estopa aos pés do novo sumo pontífice, para lhe recordar a vaidade das pompas deste mundo terrestre.
E pronto, «sic transit responsum meum», ou seja, lá se vai a minha resposta.