DÚVIDAS

A forma Macabéa (Clarice Lispector)

Gostaria de saber o motivo que levou a insigne Clarice Lispector a acentuar Macabéa no livro A Hora da Estrela. Procurei na gramática e não encontrei, pois somente versa sobre os ditongos abertos "éi", "éu" e "ói".

Aguardo ansiosamente suas abalizadas explicações.

Resposta

A terminação ea é normalmente átona nas palavras portuguesas (sem acento gráfico). Cito: rosácea, côdea, álea, fêmea, alínea, área, náusea, láctea, e forma um grupo vocálico postónico por muitos considerado um ditongo crescente. Sem acentos gráficos anteriores, a tónica recai no grupo vocálico ea, dispensando qualquer acento gráfico em Portugal (sem acento, fêmea pronunciar-se-ia ¦femêa¦ ou ¦feméa¦); o acento agudo terá servido no Brasil para indicar que o timbre é aberto em Macabéa.

Rebelo Gonçalves referiu, em Andreia, que são inexactas as grafias Andrea e Andréa. Por semelhança, eu escreveria Macabeia. Sem acento em Portugal e também para o Brasil no novo acordo.

Lembro, porém, que as normas aceitam que cada um escreva o seu nome de acordo com a forma como esteja oficialmente registado.

Macabéa é efectivamente a personagem de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector (1925-1977), romance publicado em 1977. Nesta referência, a palavra está consagrada com esta grafia. Se as instituições oficiais brasileiras aceitam o registo deste nome, exactamente assim grafado, o acento é agora legítimo no Brasil. Pode ser que seja anulado no novo acordo, como vai acontecer, por exemplo, na palavra ideia.

Diferenças neste texto para o novo acordo

Termos para Portugal: látea, inexatas, efetivamente, exatamente.

Para o Brasil: ideia

NOTA: as duplas grafias não implicam alterações obrigatórias na escrita.

Ao seu dispor,

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa