Apesar de inferirmos o seu sentido, para podermos chegar a alguma conclusão sobre o valor dessa expressão (ou de qualquer outra!), temos de nos debruçar sobre o significado das palavras-chave – recolher e espírito. Ora, para recolher, são-nos fornecidas várias hipóteses, quer como verbo transitivo – «arrecadar, guardar, retrair» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2004, Grande Dicionário da Língua Portuguesa de António de Morais Silva, Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia de Ciências, 2001, e Grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo, 1996) – quer enquanto verbo reflexo, cujo valor pode ser «concentrar o espírito na meditação, reflectir» (Grande Dicionário da língua Portuguesa de António de Morais Silva) ou «refrear o seu ímpeto, conter-se» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2004). Por sua vez, ao termo espírito é atribuída uma longa série de significados, tais como «princípio do pensamento e da actividade reflectida do homem; a esfera do pensamento; a consciência; faculdade de pensar; entendimento; razão; juízo; inteligência; intenção; motivo; forma de pensar; opinião; sentimento; ideia; engenho; originalidade; imaginação; sentido; humor». Como em «recolhe o teu espírito» o verbo é transitivo e não reflexo (que nos apontaria para «conter-se, reflectir, meditar sobre o assunto»), parece indicar que, nessa expressão, tenha o valor de «guardar, arrecadar, não exteriorizar». A partir dessa linha de pensamento, depreende-se que «recolhe o teu espírito» corresponda a «guarda o teu pensamento, a tua opinião para ti».