Usado nas aceções de «moradia de família nobre ou importante» e «moradia de grandes dimensões, geralmente de arquitetura requintada» (cf. solar³, Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, na Infopédia), o substantivo solar surgiu como derivado de solo, «chão, terra», palavra à qual se associou o sufixo formador de adjetivos -ar (Dicionário Houaiss; ver também José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa). Sobre este sufixo, lê-se também no Dicionário Houaiss (abreviaturas desenvolvidas):
«do latim -aris, e, alternativo do sufixo -al do latim -ālis, e; é de notar, para estes casos, que a opção linguageira por -ar adjetival, quase que sistematicamente, ocorre em palavras cujo radical encerra l, numa tendência clara à dissimulação de dois ll; a série de adjetivos, sempre de dois gêneros, compreende um bom número de palavras que se substantivam, ocasional ou quase regularmente; nesses casos, o gênero da palavra substantivada é quase sistematicamente função de silepse, subentendido, assim, o gênero do substantivo. pensado: os (elementos) preliminares, as (noções) preliminares, a (decisão, sentença) liminar, o (despacho) liminar etc. [...]»
Por outras palavras e cingindo a discussão a solar, parece que esta teve inicialmente valor adjetival, designando o que era relativo ao solo que era propriedade de uma família. Mais tarde, verificou-se a sua substantivação («o solar»), acompanhada de um processo de restrição semântica que acabou por tornar solar sinónimo de paço ou palácio. Recorde-se que, de solar, deriva o adjetivo solarengo, que muitos falantes usam, por engano, em lugar de soalheiro e ensolarado.