Curar da educação n'Os Maias é opor a educação escolar e livresca entre nós à que se via lá fora, sobretudo em Inglaterra; mas, também, contrapor os valores antigos incutidos por Afonso da Maia – seja, o exemplo do Portugal velho e heróico – aos que instilava uma sociedade supostamente regenerada, como se dizia na política. Carlos da Maia, educado à inglesa, forte de corpo e de espírito, tinha tudo para vencer; mas foi, como diríamos hoje, apanhado pelo clima, seja, pela moleza de meridionais, a crónica preguiça nacional, incapaz, já, de esquivar-se aos aromas da poesia e das poses sentimentais, purulências que ainda restavam dos anos 40 a 60. Afasta-se, também, da educação moral bebida no exemplo do avô. De vitalista e positivista, modelo de virtudes apto a carrear o progresso e o experimentalismo na ciência, o nosso diplomado cai nas teias do sarcasmo e do cepticismo, denunciando, com ele, o artificialismo de uma educação, que, além de imitar mal o estrangeiro, vencia, ainda, os que chegavam imunes a toda a nossa literatura e a muita verborreia, também política. Seria bom confrontar o comportamento destes elegantes derreados, por fim cépticos, com as lições sobre ensino que ministrou n'As Farpas o amigo Ramalho Ortigão.