1. «O facto de» não é locução prepositiva.
Na frase:
«O facto de ter sido promovido alterou-lhe a atitude»,
«O facto de ter sido promovido» é o sintagma (grupo) nominal que realiza na frase a função de sujeito.
Vejamos a estrutura desse sintagma nominal:
facto: núcleo
o: determinante
de ter sido promovido: complemento do nome
Este complemento do nome é realizado por um sintagma preposicional de carácter oracional, isto é, com a estrutura preposição + oração não finita.
Atentemos em estruturas similares:
«A hipótese de ser promovido alterou-lhe a atitude.»
«A ideia de vir a ser promovido alterou-lhe a atitude.»
1.1. Há, no entanto, alguma especificidade em «o facto de...» quando comparado com «a hipótese/ideia»: É que os nomes hipótese/ideia podem ser complementados por um sintagma preposicional não oracional (isto é, com a estrutura preposição + nome), ao passo que facto, não:1
«A hipótese de promoção deu um novo ritmo ao seu trabalho.»
«A ideia de(a) promoção deu um novo ritmo ao seu trabalho.»
«*O facto de(a) promoção deu um novo ritmo ao seu trabalho»
1.2. Por outro lado, «o facto de» tem algum grau de fixidez (aproximando-se de uma expressão formulaica) e funciona como uma estrutura funcionalmente equivalente àquela que tem uma oração completiva como sujeito:
«Ter sido promovido alterou-lhe a atitude.»
«O facto de ter sido promovido alterou-lhe a atitude.»
A preferência por esta última construção, em detrimento da anterior, faz crer que está em causa um esforço de clarificação por parte do locutor.
2. Não é obrigatório que a locução prepositiva comece por preposição (vejam-se as locuções prepositivas além de, antes de, perto de, longe de), mas é obrigatório que acabe com uma preposição (dentro de, por detrás de, etc.)
1 Conclusão apurada após consulta do corpus CETEMPúblico (8000 primeiras ocorrências)