DÚVIDAS

«A cavalo dado não se olha o(s)/a(o) dente(s)»

Qual a forma correta do seguinte provérbio: «De cavalo dado não se olha os dentes», ou «De cavalo dado não se olham os dentes»?

No Guia dos Curiosos: Língua Portuguesa (Marcelo Duarte, São Paulo: Ed. Panda, 2003), o autor escreve no título do texto «não se olham», mas no interior do mesmo escreve «não se deve olhar seus dentes».

Resposta

Várias são as formas como esse provérbio se encontra registado na bibliografia específica sobre provérbios e locuções, expressões correntes/idiomáticas ou populares, o que é atestado por algumas destas obras:

– «A cavalo dado não se olha o (ao) dente», com as variantes «A cavalo dado não olhes o(s) dente(s)1», a par de «A cavalo (que é) dado não se abre a boca» e «A cavalo dado não se olha a muda» (José Pedro Machado, O Grande Livro dos Provérbios, Lisboa, Editorial Notícias, 2005, p. 25);

– «A cavalo dado não se olha o dente» (José Ricardo Marques da Costa, O Livro dos Provérbios Portugueses, Lisboa, Editorial Presença, 2004, p. 22; Emanuel de Moura Correia e Persília de Melim Teixeira, Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes, Porto, Papiro Editora, 2007, p. 121);

– «A cavalo dado não se olha ao dente» (Gabriela Funk e Mattias Funk, Dicionário Prático de Provérbios Portugueses, Lisboa, Cosmos, 2008, p. 30; Maria Ribeiro, Provérbios e Adágios Populares, Lisboa, Planeta Editora, 2003, p. 13; Maria Alice Moreira Santos, Dicionário de Provérbios, Adágios, Ditados, Máximas, Aforismos e Frases Feitas, Porto, Porto Editora, 2000, p. 23; António Moreira, Provérbios Portugueses, Lisboa, Editorial Notícias, 1996, p. 14; José Alves Reis, Provérbios e Ditos Populares, Porto, Litexa Editora, 1996, p. 8);

– «A cavalo dado não se olha a dente» [a par de «A cavalo dado não se abre a boca» e «A cavalo dado não se olha a muda»] (Deolinda Milhano, Dicionário de Ditados (Provérbios) e Frases Feitas, Lisboa, Colibri, 2008, p. 18).

1 José Pedro Machado, em O Grande Livro dos Provérbios, remete esta variante para uma obra do séc. XVII, Adagios Portuguêses reduzidos a lugares comuns pelo licenciado António Delicado... Nova edição revista e prefaciada por Luís Chaves, Lisboa, 1923. A primeira é de 1651.

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