De um modo geral os complementos circunstanciais desempenham nas orações a função de adjunto e, como tal, são opcionais (não são argumentos, ou seja, não são elementos "obrigatórios" do verbo). Por exemplo, na frase «A Maria deu um livro ao João no seu aniversário», o verbo "dar" selecciona dois complementos, um directo e outro indirecto, respectivamente "um livro" e «ao João». O complemento circunstancial «no seu aniversário» é, portanto, o adjunto. Assim, pode assumir-se que, "stricto sensu", os adjuntos não fazem parte do predicado (na medida em que não fazem parte da estrutura argumental do predicador, ou verbo). Por outro lado, também é verdade que: 1) há complementos circunstanciais que não são adjuntos, mas argumentos seleccionados pelo verbo. Exemplo: Eu vou à praia. Não é possível ter uma construção como «Eu vou». 2) Há razões para crer que a estrutura resultante da adjunção de um complemento circunstancial a um predicado é também ela um predicado, apesar de mais abrangente. Se, relativamente à frase de cima, pensarmos numa pergunta como «O que fez a Maria?» e aceitarmos que a(s) resposta(s) a esta pergunta será(ão) um predicado, vemos que há duas possibilidades, uma incluindo o adjunto e outra não o incluindo: «deu um livro ao João» e «deu um livro ao João no seu aniversário». A legitimar estas afirmações há a posição igualmente dúbia da Gramática da Língua Portuguesa (Maria Helena Mateus et al.). Por um lado, diz-se (pág. 182 e 183) que: «[…] a predicação abrange não só a relação do que tradicionalmente se designa "sujeito" e "predicado" de uma frase ou oração mas também a relação que se estabelece entre um núcleo lexical, como um verbo, e os seus argumentos. […] Para descrever a estrutura argumental de uma palavra predicativa, é necessário ter em conta a distinção entre argumentos e adjuntos». Nesta afirmação faz-se claramente a oposição entre o papel dos argumentos e dos adjuntos, relativamente ao predicado, ou seja, os adjuntos não fazem parte do predicado. Por outro lado, afirma-se (pág. 280) que: «Os predicados são constituídos apenas pelo predicador verbal e por outros constituintes seleccionados pelo verbo. Contudo, podem igualmente integrar o predicado adjuntos preposicionais e adverbiais». Resumindo: não é possível encontrar uma resposta linear para esta questão. Mais: as respostas não são contraditórias, mas antes o resultado da ambiguidade do termo "predicado".
Cf. O predicado e os complementos + O que faz parte do predicado