Se este texto corresponder a uma comunicação oral, torna-se evidente que o orador divide o texto em quatro partes:
Primeira parte: «Talvez rezemos pouco (...). Talvez duvidemos do seu amor.»
Nesta fase, o orador fala para uma ou mais pessoas e inclui-se a si mesmo nos destinatários.
Segunda parte: «Mesmo assim, vale a pena interessar-se por Cristo, abrir o Evangelho e ler a Sua história.» Nesta fase o orador fala apenas para uma pessoa e exclui-se de destinatário.
Terceira parte: «Então, talvez acreditemos (...) que Deus nos ama.» O orador inclui-se novamente nos destinatários.
Quarta parte: «(...) e que vale a pena dar a vida por amor.» Aqui os destinatários são irrelevantes, e a acção de «dar a vida por amor» passa a ter um sujeito indefinido.
Se este texto corresponder a uma comunicação escrita, vemos que o autor omite as mudanças de destinatário.
Aqui surge-nos uma dúvida.
Será que o orador deseja mesmo excluir-se da segunda parte: «Vale a pena interessar-se por Cristo, abrir o Evangelho e ler a Sua história»?
Ou a expressão «vale a pena» dá lugar a que o orador opte pela terceira pessoa do singular quando o sujeito logicamente deve estar na primeira pessoa do plural?
Esta figura de sintaxe chama-se anacoluto porque apresenta alterações no desenvolvimento lógico do discurso!