Viale Moutinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Viale Moutinho
Viale Moutinho
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Viale Moutinho (Funchal, 1945) é um jornalista e escritor português. Durante a sua carreira profissional, assumiu cargos como o de diretor da Associação Portuguesa de Escritores e de secretário e presidente da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Tem várias obras editadas, nomeadamente: Urgência, livro de poesia de 1966, O jogo do sério, de 1974, Crónica do Cerco, de 1978, O Adivinhão e Adivinhas Populares Portuguesas, de 1979, entre outras.

 
Textos publicados pelo autor

Suponho que a questão está parlamentar e nacionalmente esquecida. Co-oficializado que foi o mirandês, parece que ninguém mais quer saber desse singular idioma lá das bandas de Miranda. Pois é, e não poucos se surpreendem quando encontram nos escaparates de algumas livrarias uma colecção de livros em mirandês, chancela Campo das Letras, onde avultam dois nomes: Fracisco Niebro (é assim mesmo e lê-se fra-cis-co-ni-bro) e António Bárbolo Alves. Daquele são Cebadeiros (poemas) e Las Cuntas do Tiu...

O Grande Livro das Lengalengas
Por José Viale Moutinho

 

O Grande Livro das Lengalengas, da autoria de José Viale Moutinho (texto) e Fedra Santos (ilustrações), é uma antologia de 101 lengalengas populares em álbum ilustrado e dirigido às crianças. Recensão crítica de  Ana Cristina Leonardo, publicada no caderno “Actual” do semanário “Expresso” de 16 de Fevereiro de 208, com a devida vénia.

Sentidos absurdos, encadeamentos fonéticos, rimas de embalar, repetições que se prolongam ad infinitum, tudo isto está nas lengalengas, forma de linguagem popular que se ajusta como uma luva ao universo infantil.

Quem tenha por hábito observar brincadeiras de crianças, já com certeza se deu conta da espontaneidade com que elas (re)inventam cantilenas (introduzindo-lhes mesmo ícones modernos), sem qualquer consideração pelo sentido, apenas se preocupando com a fonética e o ritmo das frases, por vezes cantadas e acompanhadas de movimentos do corpo ou das mãos. Sendo esta prática comum, talvez ela indicie uma apetência primordial pela música/poesia enquanto prática encantatória e lúdica, exactamente o mesmo que parece estar por detrás das lengalengas populares. E será nesse entendimento que a presente antologia chama a atenção para a «sua utilidade como exercício de linguagem no ensino do Português».

De variadíssimos tipos — curtas, longas, pedagógicas ou «nonsense»... — as lengalengas são, de facto, um meio privilegiado para criar apetência pela língua, já que, na sua liberdade expressiva, vão em socorro da criatividade e imaginação dos mais novos, permitindo até a criação de palavras (ou a descodificação de outras, antigas), como é por vezes o caso dos trava-línguas, que não hesitam em usar vocábulos inexistentes no fito de dificultar a leitura e pronunciação: «Era uma vez um velho/ bodelho sericamontelho/ casado c...