Teresa Camacha Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Teresa Camacha Costa
Teresa Camacha Costa
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Teresa Camacha Costa é professora assistente no Instituto Superior de Ciências da Educação, em Luanda. É mestre em Metodologia do Ensino do Português Língua Estrangeira/Língua Segunda, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e doutoranda em Linguística da Universidade Nova de Lisboa, na especialidade de Lexicologia, Lexicografia e Terminologia. Autora de Os empréstimos das línguas bantu no português falado em Angola e, ainda, dos trabalhos científicos O Léxico Angolano – Um Intercâmbio Linguístico, O Português, Língua materna/Língua Oficial? – Realidade Linguística em Angola, Pronomes de Tratamento em Angola. Inovação ou decalque? e Colocação de Clíticos no Português em Angola.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Que nome se atribui à esposa do soba?

Resposta:

Relativamente ao termo soba, não concordo com a origem que lhe é atribuída. Esta palavra não me parece vir do kimbundu, como ser quer fazer passar, pois, tal como ela se apresenta, é um aportuguesamento. A palavra parece vir do umbundu, ossoma. Dela se retirou o afixo/prefixo o, acabando por ficar o radical soma. Por sua vez, este termo originário do umbundu acabou por ser aportuguesado, facilitando assim a sua pronúncia. Indo às origens da palavra, o termo, referindo-se à esposa do ossoma, em umbundu tem uma designação que é nassoma, que significa: «mulher do ossoma», «partícipe do sobado», «aquela que convive e partilha com o ossoma». Traduzindo isso para o nome a atribuir-se à mulher do soba, em português, não me parece haver uma equivalência, uma vez que, teríamos de seguir os processos de formação utilizados pelo português. Logo, nem o prefixo nem o sufixo se enquadrariam no referido processo de formação da suposta palavra.

Pergunta:

Haveria, em português, o gentílico da localidade italiana Abruzzo? Em italiano, o gentílico é abruzzese.

Muito obrigado!

Resposta:

Sobre o nativo de Abruzzo, refira-se em primeiro lugar que existe a forma portuguesa Abruzos, registada por Rebelo Gonçalves no Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966, equivalente à italiana Abruzzi, mais antiga, e da qual se infere Abruzo. Como em português não existe a grafia de uma palavra com a consoante z dupla, elimina-se uma dessas consoantes. Quanto ao gentílico, optaria por abruzense, uma vez que, com o nome, formamos um adjetivo derivado pelo sufixo -ense.