Pergunta:
Neste momento, deparo-me com uma dúvida muito intrigante relacionada ao imperativo do verbo poder. Segundo a Gramática de Português, de José M. de Castro Pinto, editada pela Plátano Editora em 1998, no seu apêndice de verbos regulares, na pág. 293, este verbo não tem imperativo, tal como o verbo querer. Porém, na base de dados da Mordebe, o imperativo está lá presente. Como explicar esta questão?
Por outro lado, será que as formas apresentadas na Mordebe estão correctas? Faço essa questão por me parecer que as formas apresentadas não têm na sua essência uma ordem; característica própria do modo imperativo. Gostaria também que formulassem frases em que as formas imperativas da Mordebe estivessem incluídas no afirmativo e negativo, isto no imperativo. As formas são: pode, possas, possa, "podai", "possai", possam, possamos.
Desde já peço desculpas pelo trabalho que vos dou, mas agradecia que me respondessem à totalidade da minha questão.
Resposta:
Devo dizer que acho a sua dúvida deveras interessante e partilho da sua perplexidade. A verdade é que, ainda que sejam desnecessárias, as formas do verbo poder no imperativo estão atestadas em português.
O dicionário de verbos conjugados que possuo (Dicionário Dom Quixote dos Verbos da Língua Portuguesa, de Ana Maria Guedes e Rui Guedes) apresenta as formas do imperativo (afirmativo) do verbo poder: (tu) pode, (você) possa, (nós) possamos, (vós) podei, (vocês) possam. Este dicionário não apresenta as formas do imperativo negativo, que no entanto sabemos serem as do presente do conjuntivo: (tu não) possas, (vós não) possais.
O mesmo sucede com o Dicionário de Verbos Portugueses da Porto Editora, disponível em linha através da Infopédia. A Mordebe fornece as formas afirmativa e negativa do imperativo no quadro das flexões do verbo poder.
Admite-se, portanto, o uso do verbo poder no imperativo, ainda que essas formas não pareçam ter na sua essência uma ordem, como afirma o consulente. Com efeito, trata-se de um modo que dificilmente encontramos em uso pelos falantes — sobretudo porque o verbo poder é essencialmente utilizado como auxiliar modal, para exprimir capacidade, possibilidade, etc., por exemplo, na frase «Eles podem vir connosco».
Nesse tipo de contexto, de facto, o verbo poder parece dispensar das formas do imperativo.
Contudo, nada impede um falante de ...