Pergunta:
Li, no manual de redação e estilo de um jornal brasileiro, a seguinte recomendação sobre o uso do termo:
«Verbos mais que errados. 1 – Há verbos que, por questão de significado, não podem ser acompanhados de que. Em geral, eles equivalem aos diversos sentidos de dizer (verbos dicendi). Veja um exemplo: alguém defende uma ideia, uma posição, mas nunca defende que alguma coisa se realize ou concretize. Assim, são erradas ou no mínimo impróprias as formas: acusar que, alertar que, antecipar que, apontar que, aprovar que, assumir que, citar que, comentar que, continuar que, defender que, definir que, denunciar que, desmentir que, difundir que, divulgar que, enfatizar que, indicar que, justificar que, mencionar que, narrar que, proferir que, prosseguir que, referir que, registrar que e relatar que. 2 – Podem, porém, ser normalmente usadas as formas: acrescentar que, adiantar que, admitir que, advertir que, afiançar que, afirmar que, aguardar que, assegurar que, asseverar que, atestar que, certificar que, comprovar que, concordar que, confirmar que, constatar que, declarar que, determinar que, dizer que, esperar que, garantir que, jurar que, negar que, ordenar que, prever que, prometer que, reiterar que, repetir que, ressaltar que, ressalvar que, revelar que e verificar que.»
Pesquisei no Ciberdúvidas e em outras fontes, mas não encontrei outra informação que refutasse ou comprovasse essa recomendação. Por esse motivo, conto com os esclarecimentos da equipe do Ciberdúvidas para conhecer as restrições e/ou as normas gramaticais que comprovam, ou não, a recomendação apresentada pelo referido manual. Como não há frases e, por isso, os verbos são apresentados fora de contexto, pergunto se os verbos dicendi citados podem, ou não, vir acompanhados de que. Nos dois casos (sim, podem/não, não podem), peço que sejam apresenta...
Resposta:
Sobre a lista de verbos dicendi¹ em causa, de modo a confirmar ou rejeitar o preceito enunciado no manual de redação e estilo em causa, segundo o qual se trata de verbos incompatíveis com complementos frásicos, consultaram-se alguns dicionários de verbos, a saber, por ordem cronológica (siglas entre parênteses para facilitar a referência): Francisco Fernandes, Dicionário de Verbos e Regimes (DVR-Fernandes), 2001 (data da edição consultada, que mantém o conteúdo da 4.ª edição, de 1954); Celso Pedro Luft, Dicionário Prático de Regência Verbal (DPRV-Luft), 2003 (data da edição consultada, mas a 1.ª data de 1987); Francisco da Silva Borba, Dicionário Gramatical de Verbos (DGV-Borba) 1991; Winfried Busse, Dicionário Sintático de Verbos Portugueses (DSVP-Busse), 1994²; João Malaca Casteleiro, Dicionário Gramatical de Verbos Portugueses (DGVP-Malaca), 2007. Na lista que se segue, usam-se as siglas diante de cada verbo sempre que o uso de uma completiva introduzida por que surge atestado na fonte correspondente.
acusar que, DPRV-Luft, DGV-Borba