Paulo J. S. Barata - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Paulo J. S. Barata
Paulo J. S. Barata
41K

Paulo J. S. Barata é consultor do Ciberdúvidas. Licenciado em História, mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares. Tem os cursos de especialização em Ciências Documentais (opção Biblioteca e Documentação) e de especialização em Ciências Documentais (opção Arquivo). É autor de trabalhos nas áreas da Biblioteconomia, da Arquivística e da História do Livro e das Bibliotecas. Foi bibliotecário, arquivista e editor. É atualmente técnico superior na Biblioteca Nacional de Portugal.

 
Textos publicados pelo autor

Nem sempre é fácil acertar com os gentílicos, sobretudo porque em muitos casos não seguem um padrão nas respetivas terminações ou porque recorrem a formas latinas ou latinizadas. E há, como se sabe, casos particularmente intrincados. Nada justifica, porém, que se chame aos naturais da Libéria libaneses em vez de liberianos ou libérios, como fez O Sol numa notícia de 19 de março de 2012. A frase é esta: 

Há erros que acontecem a todos. Há erros que acontecem aos melhores. Mas num jornal  que se reclama ser de referência como o Diário de Notícias há erros que não devem, não podem, acontecer.

Na edição de 9 de fevereiro (p. 36), numa notícia relativa ao jogo da Taça de Portugal entre o Nacional da Madeira e o Sporting, escreve-se:

«É que falência técnica, poderia juntar-se a falência desportiva, pois o campeonato há muito que deixou de ser um objetivo […].»

A questão prende-se, obviamente, com aquele «no», contração da preposição «em» com o artigo «o», porque lufa-lufa é um substantivo feminino e não masculino. O corretor que utilizo assinala o erro. Certamente que o do jornalista que fez a transcrição da entrevista também.

A crise que Portugal vive também tem reflexos na linguagem. Expressões novas entram todos os dias no nosso quotidiano. Antes da crise sabíamos que existia dívida pública mas porventura nem todos saberíamos que existia dívida soberana! Os exemplos poderiam multiplicar-se.

Deparei-me no Expresso (n.º 2040, 3 de dezembro de 2011, Primeiro Caderno, p. 3) com um novo conceito e palavra: o «hactivismo», uma nova forma de luta política e de desobediência cívica utilizando a informática e que consiste em efetuar ataques a sítios empresariais e governamentais. O próprio jornalista traça-lhe a etimologia: palavra...