Paulo J. S. Barata - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Paulo J. S. Barata
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Paulo J. S. Barata é consultor do Ciberdúvidas. Licenciado em História, mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares. Tem os cursos de especialização em Ciências Documentais (opção Biblioteca e Documentação) e de especialização em Ciências Documentais (opção Arquivo). É autor de trabalhos nas áreas da Biblioteconomia, da Arquivística e da História do Livro e das Bibliotecas. Foi bibliotecário, arquivista e editor. É atualmente técnico superior na Biblioteca Nacional de Portugal.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Na redacção de um curriculum vitae:

– que pessoa usar – 1.ª pessoa do singular, impessoal, ou 1.ª pessoal do plural?

– que tempo verbal utilizar?

O CV é um documento de carácter pessoal, ou é um documento técnico científico?

Resposta:

Não existe um modelo ou uma norma única para a redação de um curriculum vitae. Relativamente à pessoa e ao tempo verbal, parece-me recomendável o uso da terceira pessoa do singular do pretérito perfeito e/ou o uso do particípio passado, conjugado(s) com o presente do indicativo, consoante se refiram a factos passados ou presentes. Ou, em alternativa, a utilização da primeira pessoa do singular do pretérito perfeito, conjugada com a mesma pessoa do presente do indicativo. É também possível, em algumas situações, a utilização do infinitivo impessoal, como acontece com o Modelo Europeu (CV Europass). Tenderia a rejeitar por inadequado, apesar da formalidade do documento, a primeira pessoa do plural, que daria ao mesmo um ar demasiado pomposo, acabando, de algum modo, por subverter o uso normal do plural majestático, utilizado como forma de modéstia. Note, porém, que, mais do que a escolha da pessoa ou do tempo do verbo, e eles podem alternar e conviver harmoniosamente, o curriculum vitae terá sobretudo de possuir coerência interna e de se adaptar à função ou lugar em causa.

Por último, o curriculum vitae, sendo um documento de carácter pessoal, não deixa de ser também um documento técnico, ou até mesmo técnico-científico, uma vez que segue modelos e normas de elaboração e estruturação. Ultimamente, e em virtude da maior circulação de pessoas no espaço europeu em programas de ensino e formação, em estágios profissionais, ou até mesmo na procura de emprego, tem-se generalizado o chamado CV Europass.

Pergunta:

Em resposta a algumas perguntas verifiquei que indicam acervo como diferente de espólio e não como sinónimos. Consultando um qualquer dicionário de língua portuguesa, verifico no entanto significado igual para ambas as palavras, ou seja, ambas a designarem conjunto de bens de uma herança.

Resposta:

Há pelo menos um dicionário geral que legitima a aceção que refere da palavra acervo, ou seja, conjunto de bens de uma herança, o que a torna sinónima de espólio. Porém, a interpretação mais comum é a de que os bens de uma pessoa viva constituem o seu património, o seu acervo. Ao passo que os bens de uma pessoa morta, não deixando de constituir o seu acervo, o seu património, são também o seu espólio, o seu legado, a sua herança. Tratando-se de pessoa viva e para se referir aos seus bens, usa-se a expressão acervo, com o sentido de conjunto, e nunca a palavra espólio. Tratando-se de pessoa morta, podem usar-se indistintamente as palavras acervo ou espólio. Há, porém, algumas cambiantes de uso da palavra espólio que convém assinalar. A palavra espólio também significa «despojo», ou seja, «restos», aquilo que sobra, aquilo que já não tem utilidade prática. Assim, se uma organização possui bens que já não são de uso corrente e a que atribui um determinado valor histórico e com eles constitui um museu, por exemplo, estes podem assumir-se como uma espécie de herança ou legado em vida, de espólio. Por extensão, a palavra espólio tem vindo a ser utilizada para representar o acervo de peças de um museu (espólio museológico), sobretudo quando se trata de museus constituídos essencialmente por espólios pessoais ou de organizaç...

Depois de ter aqui abordado o surgimento no léxico da palavra bloguer e respectiva família, surpreendi no semanário português Expresso, Primeiro Caderno, de 6 de agosto (p. 13), na coluna Gente, o título...

A Sogrape é um dos maiores e mais consagrados produtores de vinho nacionais. Está presente não apenas nas principais regiões vitivinícolas portuguesas, mas também já na Argentina, na Nova Zelândia, no Chile. Nunca, aliás, bebi um vinho da Sogrape que me decepcionasse. Posso gostar mais ou gostar menos do perfil, mas nunca me aconteceu não gostar de um vinho Sogrape, achá-lo um mau vinho ou sequer regular.

 

Há mais de vinte anos que passo férias na parte antiga da vila de Alvor (Algarve, Portugal) e constato, em boa parte das ruas, a existência de duas toponímias. A mais recente e a mais antiga. Ambas presentes nos painéis de azulejo que identificam os nomes das ruas.