Uma viagem à volta dos meses anos neste artigo da professora Maria Regina Rocha na sua coluna "A vez… ao Português", no Diário do Alentejo de 9/01/ 2009.
Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa; mestrado em Ciências da Educação, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e doutoranda na mesma; professora na Escola Secundária José Falcão, em Coimbra; larga experiência pedagógica no ensino politécnico (Escola Superior de Educação de Coimbra) onde lecionou várias disciplinas na área da Língua Portuguesa. Autora (ou em coautoria), entre outros livros, de Cuidado com a Língua!, Assim é que é falar! 201 perguntas, respostas e regras sobre o português falado e escrito, A Gramática – Português – 1.º Ciclo, A Gramática – Exercícios – 2.º ano, A Gramática – Exercícios – 3.º ano e A Gramática – Exercícios – 4. ano e Eu não dou erros!
Cf. 50 anos de carreira docente de Mª. Regina Rocha + 50 anos de docência de M.ª Regina Rocha assinalados pela Câmara Municipal de Coimbra + A linguagem e as expressões dos nomes de lugar + A elegância, a deselegância ou a «falsa sensação de elegância» na linguagem
Uma viagem à volta dos meses anos neste artigo da professora Maria Regina Rocha na sua coluna "A vez… ao Português", no Diário do Alentejo de 9/01/ 2009.
Ao escrever uma simples carta e ao “correr da pena” escrevi: «Na sequência da v/ carta de 20-11-08 que anexava o cheque desconto de 30,00 €, tomo a liberdade de vo-lo remeter, visando…»
É correcto o emprego de vo-lo, ou deve ser substituído por «tomo a liberdade de o remeter…» ?
Solicito o favor dos vossos esclarecimentos.
Tanto está certa a construção «tomo a liberdade de o remeter» como «tomo a liberdade de vo-lo remeter».
No primeiro caso, o emissor diz apenas que toma a liberdade de remeter o cheque, utilizando o pronome o para substituir a palavra cheque.
No segundo caso, o emissor diz que toma a liberdade de remeter o cheque (utilizando o pronome o) e refere a quem o remete (uma segunda pessoa, a quem trata por vós). Ao utilizar os dois pronomes forma de complemento (complemento dire{#c|}to, o, e complemento indire{#c|}to, vos), o complemento indire{#c|}to precede o dire{#c|}to, como é norma, utilizando-se a forma lo e suprimindo-se o s final de vos: vos + o –> vo-lo.
Exemplos:
(1) «Tenho o prazer de oferecer este livro ao meu aluno» = «Tenho o prazer de lho oferecer»
(2) «Tenho o prazer de vos oferecer este livro» = «Tenho o prazer de vo-lo oferecer»
(3) «Tomo a liberdade de vos enviar o livro» = «Tomo a liberdade de vo-lo enviar»
(4) «Tomo a liberdade de vos pedir uma opinião» = «Tomo a liberdade de vo-la pedir»
A origem da palavra Natal. E porque se designa missa do galo à celebração católica da passagem de 24 para 25 de Dezembro? Finalmente: são os pais natal ou os pais natais? Artigo de Maria Regina Rocha no Diário do Alentejo de 26 de Dezembro de 2008.
A respeito da capital de Moçambique, diz-se «o Maputo», ou «Maputo», sem artigo?
Utiliza-se «o Maputo» ou «Maputo» consoante se refere o rio ou a cidade.
Quando se designa o rio, utiliza-se o artigo, pois os nomes dos rios são precedidos de artigo: «o rio Maputo», «o Maputo». Quando se designa a cidade, a regra geral é a da omissão do artigo. Efectivamente, na denominação das localidades (cidades, vilas, aldeias, povoações), a regra é a da ausência do artigo, como acontece, por exemplo, com os nomes das cidades moçambicanas Nampula, Quelimane, Inhambane, Nacala: «nasci em Nampula», «vivi em Quelimane», «visitei Inhambane», etc.
Os nomes de localidades em que se usa o artigo normalmente tiveram origem num substantivo comum, como é o caso da cidade moçambicana da Beira (beira como substantivo comum significa «margem, orla, borda»): «a Beira é uma linda cidade», «vale a pena passar uns dias na Beira».
Sei que há oscilação no emprego do artigo a respeito do nome da cidade de Maputo, pois o tema em o faz com que naturalmente se diga «o Maputo», mas não vejo razões para não se seguir a regra da omissão do artigo, como acontece, por exemplo, com os nomes das cidades de Aveiro ou de Faro. Assim, no caso de Maputo, deverá omitir-se o artigo: «Maputo é a capital de Moçambique», «ele trabalha em Maputo».
Cf. Glossário de moçambicanismos, recolhido pelo tradutor e professor português Vítor Santos Lindgaard
Tenho algumas dúvidas na classificação dos nomes das cidades. Na frase «Eu nasci em Maputo», a palavra Maputo é do género feminino, ou masculino?
O género gramatical atribuído aos nomes de cidades é o feminino. Trata-se de um género estabelecido por palavra oculta. Como se subentende a palavra cidade, gramaticalmente considera-se que o nome é feminino, independentemente de terminar em -a (Nampula, a linda!), em -e (Quelimane), em -o (Maputo), em consoante (Montepuez) ou ter uma forma plural (Santos) ou composta (a antiga Lourenço Marques). Exemplo: «a antiga Ouro Preto».
Exceptuam-se os nomes das cidades em que se usa o artigo masculino, como, por exemplo, o Porto, o Rio de Janeiro ou o Cairo. Exemplo: «O Porto antigo.»
No entanto, por uma questão de eufonia, normalmente, quando se pretende utilizar um adjectivo a classificar uma cidade de tema em -o que não tenha artigo, utiliza-se precisamente a palavra cidade. Exemplos: «a movimentada cidade de Maputo», «a cosmopolita cidade de Faro», «a bela cidade de Aveiro».
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