Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Gostaria de saber tudo sobre predicativo.

Resposta:

Tudo, certamente que não poderei dizer-lhe, mas vou tentar que compreenda o essencial.
O nome predicativo é um substantivo, adjectivo, pronome ou expressão equivalente que faz parte do predicado nominal ou do predicado verbo-nominal, completando a significação do verbo e referindo-se ao sujeito ou ao complemento directo.
Temos, assim, o nome predicativo do sujeito e o nome predicativo do complemento directo; na nomenclatura gramatical brasileira, predicativo do sujeito e predicativo do objeto (grafia do Brasil).
1. O nome predicativo do sujeito é pedido por verbos de ligação ou copulativos (ex.: ser, estar, ficar, continuar, parecer), ou ainda por verbos significativos com função de ligação (ex.: sair, rir) ou alguns na voz passiva (ex.: chamar, considerar, julgar, dar por).
Ex.: A Marta é uma linda criança. (é – verbo de ligação; uma linda criança – nome predicativo do sujeito);
O Júlio ficou perturbado com a notícia. (ficou – verbo de ligação; perturbado – predicativo do sujeito).
Ele saiu-me um bom tratante! (sair – verbo significativo com função de ligação; um bom tratante – predicativo do sujeito)
Elas foram consideradas as melhores alunas. (foram consideradas – verbo considerar na voz passiva; as melhores alunas – predicativo do sujeito).

2. O nome predicativo do complemento directo é pedido por alguns verbos, completando o seu significado e especificando características do complemento directo (ex.: achar, julgar, tomar por).
Ex.: Achei a Maria um pouco abatida. (a Maria – complemento directo; um pouco abatida – nome predicativo do complemento directo);
Os investigadores tomaram o suspeito por culpado. (o suspeito – complemento directo, por culpado – nome predicativo do complemento directo).
Repare que, em todos os exemplos que apresentei, o predicativo contém em si características que são atribuídas ou ao sujeito ou ao complemento directo, co...

Pergunta:

Uma vez mais vos remeto uma pergunta e, uma vez mais também vos agradeço a atenção que me têm dedicado. As vossas respostas têm-me ajudado muito na aprendizagem do português.
A dúvida de hoje prende-se com a frase do "Acontece". Está bem "Fala-se pior o português.."? Ou será "Fala-se mais mal ..."?
Obrigada.

Resposta:

"Fala-se pior português..." é a expressão correcta, integrada numa comparação.

"Mal" só admite a construção com "mais" em três situações:

a) quando antecede o particípio passado de um verbo: "mais mal pensado não podia ser...";
b) em expressões de valor adjectival ("mais mal feito", "mais mal educado"): mal feito = defeituoso; mal educado = indelicado, grosseiro;
c) em expressões do género "isto faz mais mal do que bem", em que "mal" ganha o valor de um substantivo (fazer mal = provocar o mal).

Repare na diferença entre "provocar o mal" e "proceder mal" = "proceder incorrectamente": "Ele fez mal e ainda vai fazer pior.", "Ele jogou mal e ainda vai jogar pior.". "Pior", e não "mais mal", porque aqui tem, realmente, o valor de advérbio.

Quanto à utilização da maiúscula na designação de uma língua, ela deverá, segundo o Acordo Ortográfico em vigor (de 1945), base XLIII, ficar limitada à sua denominação como disciplina escolar. Claro que, em determinadas circunstâncias em que pretenda evidenciar o português como língua, poderá usar a maiúscula; mas trata-se de uma forma de realce, não o usual.

Em nome de Ciberdúvidas, obrigada pelas suas amáveis palavras.

Pergunta:

O que é progressão textual?

Resposta:

A progressão textual é o processo pelo qual o texto se constrói, com a introdução de informação nova, ligada à informação que já é do conhecimento do leitor ou que lhe é fornecida no próprio texto. Num texto não pode haver apenas repetição de ideias. Tem que haver repetição e continuidade, tem que haver retoma dos seus elementos conceptuais e formais, mas é preciso que apresente novas informações a propósito dos elementos retomados: é este segundo aspecto que faz com que o texto progrida.

Explicando:

Os conhecimentos prévios que quem lê um texto tem habilitam-no a poder compreendê-lo. A informação que é dada no texto só é compreensível se o seu leitor tiver os conhecimentos suficientes para poderem servir de base à nova informação que aí é veiculada.

Por outro lado, no próprio texto, são dados elementos que depois são retomados para se lhes ligar outra informação: é a forma de o texto ir progredindo.

Assim, opera-se a progressão textual com a introdução de informação nova que vai estabelecendo relações de sentido com os conhecimentos prévios do leitor e com segmentos do próprio texto, que vai fornecendo informação e interligando-a. As relações entre a informação textualmente expressa e os conhecimentos prévios de quem lê são estabelecidas com recurso à intertextualidade e a todo o contexto situacional. O estabelecimento de relações entre os segmentos textuais leva à coesão textual, que se consegue por meio de um conjunto de recursos utilizados no texto destinados à remissão para a informação já fornecida e à progressão.

A progressão consegue-se, assim, com os acréscimos semânticos a propósito dos elementos retomados, com o acréscimo de comentários (informação nova sobre algo ou alguém) a um tópico (informação dada: o assunto, a pessoa, a coisa) ou a tra...

Pergunta:

Gostaria de saber tudo sobre objeto pleonástico.
Tudo sobre objeto direto preposicionado.

Resposta:

1. Quando pretendemos chamar a atenção para o complemento directo (na nomenclatura gramatical brasileira "objeto direto"), podemos repeti-lo. Trata-se do complemento directo pleonástico. Duas construções:
a) emprego do substantivo e, depois, sua substituição pelo pronome correspondente: Palavras, leva-as o vento;
b) emprego da forma átona e da forma tónica do mesmo pronome, esta com preposição: A ti, ninguém te engana.
2. Em situação não pleonástica, o complemento directo pode vir regido da preposição "a" nos seguintes casos:
a) com verbos que exprimem sentimentos: amar a Deus;
b) quando vem antecipado, como acontece nos provérbios: A médico, confessor e letrado, nunca enganes.
3. Pode vir regido de outras preposições, dependendo da construção dos respectivos verbos. Ex.: acabar com, acreditar em, aludir a, ansiar por, carecer de, cuidar de, desistir de, entender de, gostar de, pensar em, tratar de, troçar de, zombar de.

Pergunta:

Sou secretária e Professora. Estou cursando Pós-Graduação em Língua Portuguesa.
Tenho uma professora que usa o verbo botar. Sei que ela é de outro estado e está usando o seu dialecto. Mas gostaria de receber a conjugação do verbo botar.

Resposta:

Botar é um verbo regular da primeira conjugação, com todos os tempos e modos. Conjuga-se como amar, cantar, falar.