Margarita Correia - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Margarita Correia
Margarita Correia
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Margarita Correia, professora  auxiliar da Faculdade de Letras de Lisboa e investigadora do ILTEC-CELGA. Coordenadora do Portal da Língua Portuguesa. Entre outras obras, publicou Os Dicionários Portugueses (Lisboa, Caminho, 2009) e, em coautoria, Inovação Lexical em Português (Lisboa, Colibri, 2005) e Neologia do Português (São Paulo, 2010). Mais informação aqui. Presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) desde 10 de maio de 2018. Ver, ainda: Entrevista com Margarita Correia, na edição número 42 (agosto de 2022) da revista digital brasileira Caderno Seminal.

 
Textos publicados pela autora
O ensino do português língua não materna
A escola e os alunos oriundos do estrangeiro em Portugal

Quando a escola portuguesa começou, há décadas, a receber alunos vindos do estrangeiro, não  se lhes deu muita atenção, julgando-se que dominavam a língua dos seus pais. Porém, quando à escola começaram a chegar alunos oriundos de outros países, as atitudes foram gradualmente mudando, lembra a professora Margarita Correia, neste apontamento  emitido no programa Páginas de Português, na Antena 2, do dia 28 de junho de 2020.

 

Quero ver o português na CEE!
35 anos depois da entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia

«Para muitos profissionais europeus tornou-se interessante adicionar o português ao perfil linguístico e disparou o número de estrangeiros a estudá-lo e, à falta de um organismo nacional que o faça, os serviços de língua portuguesa da União Europeia foram produzindo recursos normalizadores da língua, preciosos para quem trabalha na área. Muito foi feito, de facto. No entanto, porque alimentámos por décadas o isolacionismo e o desprezo pelo saber, começámos tarde e coxos, descobrimos com atraso o potencial da língua e teimámos em não o levar a sério, faltam ainda hoje ao português muitos e bons recursos linguísticos que sustentem a sua condição de língua internacional, pluricêntrica e de trabalho de grandes organizações internacionais.»

Artigo de Margarita Correia in Diário de Notícias do dia 22 de junho de 2020, a seguir transcrito com a devida vénia. 

Para uma língua efetivamente pluricêntrica
Da teoria à realidade ainda por concretizar

«Historicamente, desde a independência do Brasil, em 1822, a língua adquiriu um caráter bicêntrico, ou seja, passou a ter não um centro difusor da norma linguística, como até então fora Lisboa, mas dois centros, Lisboa e o Rio de Janeiro. Com as independências dos demais países de língua portuguesa, o que se espera é que venham a nascer novos centro difusores de norma, ou seja, que também estes jovens países venham a assumir a variedade do português neles falado como um traço fundamental da sua identidade, tornando o português uma língua efetivamente pluricêntrica.»

Apontamento da autora no programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 21 de junho de 2020.

Quem são e o que fazem os linguistas?
A ciência que se ocupa da linguagem

 «Os linguistas adotam uma perspetiva científica sobre a língua, observam-na como objeto de estudo e não emitem juízos de valor sobre ela. Cada “amostra linguística” é tratada como uma amostra de tecido celular observada ao microscópio» 

Artigo  de Margarita Correia, in Diário de Notícias do dia 16 de junho de 2020, a seguir transcrito, com a devida vénia.

 

Marcas de racismo em palavras e expressões do português
Exemplos que configuram linguisticamente o medo do Outro

«Como as palavras e cada língua configuram o modo como vemos o mundo, não é de admirar que encontremos gravados no acervo lexical de qualquer língua, incluindo o português» – observa a linguista Margarita Correia a propósito de várias expressões de cariz racista, fixadas  na língua portuguesa desde tempos remotos. Esta e outras considerações constituem o apontamento a seguir transcrito, emitido no programa Páginas de Português, transmitido pela Antena 2 em 14 de junho de 2020.