José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostaria de saber como se escreve, em Portugal: "Rudolfo" ou "Rodolfo"? Já vi escrever das duas formas, mas não sei qual das duas formas é a correcta, ou mesmo se não serão as duas. Sendo um "aportuguesamento" do nome germânico "Rudolph", não será em português também com "u"? Vejo, no entanto, que no Brasil é escrito com "o" (que é lido de forma bem aberta - "Rôdolfo"). Como estará então correcto?

Resposta:

José Pedro Machado defende que tanto o onomástico como o topónimo sejam grafados com o: Rodolfo.

«Do francês Rodolphe, divergente de Raoul (Raul), é formado do alemão 'Rudolf': de 'rad-', "conselho", e 'wulf', "lobo". [Na "Crónica da Ordem dos Frades Menores"], séc. XV, aparece Radulpho como nome do imperador Rodolfo I de Habsburgo (1218-1291); talvez com base nisso o Vocabulário [de Rebelo Gonçalves] regista Radulfo e o respectivo feminino Radulfa. Por outro lado, e talvez por influência da citada forma alemã (ou da inglesa) a [Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, da Editorial] Verbo escreve Rudolfo o nome do conhecido lago africano; não vejo a razão de tal procedimento. Também se usa como apelido (...); feminino Rodolfa, de uso muito escasso. » In Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Livros Horizonte, Lisboa.

Péssimo futebol falado

O regresso do futebol jogado em Portugal trouxe também o futebol… falado. Pessimamente falado. Com as transmissões televisivas e os relatos da rádio, lá voltaram os "flash interview" – melhor: "/flashinteviú/", que é como se ouve chamar àquelas pequenas (ou curtas) entrevistas dos treinadores e jogadores na TV... –, a "prestação" (até há os que preferem "/prestáção/"...) e a "performance". É o futebolês no seu pior estilo: feio e nivelado por baixo (...)

Pergunta:

Como se escreve Helder?

Resposta:

Escreve-se com acento agudo no primeiro "e": Hélder. Segundo José Pedro Machado, no seu Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (ed. Livros Horizonte, Lisboa), o nome terá origem germânica, devendo estar relacionado com o porto holandês (Den) Helder, vocábulo que significará «luminoso», «límpido». E acrescenta J.P.M.:

«Trata-se de elemento onomástico corrente, usado muito mais como antropónimo do que como apelido, embora, como creio, este seja a origem do outro; houve confusão com Elder, que também se atesta como antropónimo, tal como Hélder se atesta como apelido.»

Pergunta:

Troglodita  e cavernícola: quando se usa em registo técnico e em linguagem coloquial?

Resposta:

Troglodita e cavernícola podem ser sinónimos («que vive ou se refugia  em cavernas»).

Troglodita  deriva do grego troglodytes, pelo latim troglodyta. Tem esse sentido idêntico ao de cavernícola – «que vive em cavernas», como adjetivo, e «pessoa pessoa que vive ou debaixo da terra», como substantivo, ambos tanto para o feminino como para o masculino –, mas também se usa em sentido figurado, muito comum no registo coloquial: «pessoa rude», «pessoa grosseira». No plural, designa o grupo de quadrúmanos, entre os quais a espécie dos chimpazés.

Carvernícola, usado também como adjetivo e como substantivo dos dois géneros – «que ou o que vive ou se refugia em cavernas» –, chegou-nos do francês cavernicole, por via do latim caverna-, «cavidade» + colĕre, «babitar». 

[in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora]

"Destak" é o título de um jornal de distribuição gratuita nas estações dos comboios em Portugal. "Destak": assim mesmo, com aquele k a fazer de que – tal como o do anómalo Kinas. Aquele k no nome da estapafúrdica mascote do próximo campeonato/copa europeu/européia de futebol foi justificado como forma expedita de "passar" melhor o evento que se vai realizar em Portugal, em 2004 (...)