Inês Gama - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Inês Gama
Inês Gama
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Licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas – Inglês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS) pela mesma instituição. Fez um estágio em ensino de português como língua estrangeira na Universidade Jaguelónica em Cracóvia (Polónia). Exerce funções de apoio à edição/revisão do Ciberdúvidas e à reorganização do seu acervo.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Na frase «Os alunos, indignados e revoltados, protestaram junto da direção da escola», podemos aceitar que a expressão «da escola» desempenhe a função sintática de modificador restritivo do nome?

Obrigada pelo esclarecimento!

Resposta:

Neste caso, deve-se considerar que o constituinte «da escola» desempenha a função sintática de complemento do nome.

No contexto da frase apresentada pelo consulente, o nome direção constitui um nome deverbal, isto é, um nome que se relaciona morfológica e semanticamente com um verbo, que é o verbo dirigir no exemplo em causa.

Etimologicamente, direção é o resultado do latim directione-, nome derivado de direct-, um dos radicais do verbo dirigo. Do ponto de vista do atual funcionamento do português, aceita-se que direção mantém relação morfológica, semântica e sintática com o infinitivo dirigir, herdando deste o complemento direto («dirigir alguma coisa»), o qual se transpõe como complemento do nome: «direção de alguma coisa».

Para mais casos como este, consulte esta resposta:  "Complemento do nome vs. modificador: 'o edifício da empresa'".

Estarão os mais jovens a perder a capacidade de ler livros?
Reflexões de uma jovem sobre os hábitos de leitura de uma geração

Neste artigo, a consultora Inês Gama apresenta uma reflexão pessoal sobre os hábitos de leitura das gerações mais novas e a sua capacidade para ler os grandes clássicos.

Pergunta:

É correto dizer que uma pessoa de idade avançada é senil?

Ou a senilidade tem de ser associada a perda de capacidades mentais ou físicas?

Obrigado.

Resposta:

A frase «uma pessoa de idade avançada é senil» está, do ponto de vista estritamente linguístico, correta.

O adjetivo senil, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa (DLPACL), tem como sentidos possíveis «que é provocado pela velhice; que é próprio da velhice» ou «que apresenta sinais de degenerescência, decrepitude ou senilidade». Neste sentido, a frase apresentada pelo consulente pode ser interpretada como referindo alguém que devido à sua idade avançada apresenta um estado físico e mental enfraquecido. Não obstante, a construção mais comum para descrever esta situação será a que inclui o verbo estar («uma pessoa de idade avançada está senil») que, aspetualmente, contribui para a descrição de um estado que se adquiriu e não permanente (valor veiculado pelo verbo ser).

Note-se que a frase em questão pode também ser entendida como uma generalização, isto é, que todas as pessoas de idade avançada são senis, atendendo exatamente ao valor aspetual de estado veiculado pelo verbo ser. No entanto, isto não corresponde exatamente à realidade, uma vez que nem todos aqueles que são velhos apresentam enfraquecimento das suas faculdades físicas e psíquicas.

Por outro lado, vários dicionários como, por exemplo, o próprio DLPACL e a Infopédia, registam que senil tem como sinónimo o adjetivo

Pergunta:

No Brasil, é usual chamar o/a próprio/a professor/a ou patrão/oa pelo nome. E nos outros países e territórios lusófonos? É assim também?

Ou seguem o modelo dos países e territórios anglófonos e hispanófonos, que indicam chamar de Sr./ª + sobrenome?

Muitíssimo obrigado!

Resposta:

No que respeita às formas de tratamento de formas nominais que designam profissão, cargo, posto, função ao título em português europeu (PE), segundo Maria Fernanda Bacelar do Nascimento, em Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian), são, normalmente, «formadas por o senhor, a senhora (formas de tratamento respeitosas), seguidas do nome da profissão (p. e., engenheiro(a), arquiteto(a), professor(a), enfermeiro(a), jornalista, padre), do cargo ou função (p. e., presidente, presidente da câmara, presidente da república, administrador(a), ministro(a), reitor(a)), e seguidas ou não do nome próprio (cf. o senhor professor (Guedes), o senhor tenente (Fagundes), o senhor administrador (Godinho), o senhor padre (Martins), o senhor presidente da república (António José de Almeida), o senhor ministro (Álvaro de Castro).» (pág. 2723-2724).

Note-se que com a omissão de senhor, senhora, todas as formas de tratamento são menos formais do que as anteriores (p. e. «o comandante João», «a professora Sandra», «a engenheira Rita»). Contudo, estas são as mais frequentes numa linguagem quotidiana.

Na língua escrita, para além das abreviaturas, Sr. Sr...

As palavras <i>ilegível</i> e <i>elegível</i>
Relações entre palavras

Neste apontamento gramatical, a consultora Inês Gama aborda a relação entre as palavras ilegível elegível. Este apontamento foi transmitido no programa Páginas de Português, da Antena 2, em 06/10/2024.