Eunice Marta - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Eunice Marta
Eunice Marta
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Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre (Mestrado Interdisciplinar em Estudos Portugueses) pela Universidade Aberta. Professora de Português e de Francês. Coautora do Programa de Literaturas de Língua Portuguesa, para o 12.º ano de escolaridade em Portugal. Ex-consultora do Ciberdúvidas e, atualmente, docente do Instituto Piaget de Benguela, em Angola.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Diz-se «O capitão e os marinheiros foram quem quis...», ou «... foram quem quiseram»?

Resposta:

A forma correta é «O capitão e os marinheiros foram quem quis», pois, quando o sujeito é o pronome relativo quem, a frase «constrói-se, de regra, com o verbo na 3.ª pessoa do singular» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 499).

Pergunta:

Dos pertence à classe dos determinantes, ou das preposições?

Resposta:

A gramática tradicional classifica dos (de + os) como contração da preposição de com o artigo defiinido os.

A atual terminologia linguística, indicada no Dicionário Terminológico, na área da Linguística Descritiva, designa esse fenómeno como crase («contração ou fusão de duas vogais numa só», sendo uma vogal de uma preposição – a ou de – e outra de um artigo, de um determinante demonstrativo, possessivo, indefinido...).

Pergunta:

Natal é nome próprio, ou comum?

Resposta:

Natal – do latim natale-, «de nascimento, natal» (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado) – pode ter, pelo menos, três classificações na classe de palavras:

  1. adjetivo usado para designar «relativo ao nascimento; onde se nasceu». Exemplos: «Eu não vivo na minha terra natal.» «O seu país natal não é o da sua nacionalidade.»

  2. nome/substantivo comum que significa «o dia de nascimento de qualquer pessoa», forma esta que tem caído em desuso, mas que está atestada pelos dicionários. Exemplo: «Hoje festejamos o natal deste meu amigo.»

  3. nome próprio para designar duas realidades distintas:

  – a festa festa religiosa católica comemorativa do dia 25 de dezembro, o de nascimento de Jesus  Cristo.

  – como topónimo, nome de uma cidade do Brasil.

 

 

Cf. Doze deliciosas palavras deste Natal +  

Pergunta:

Gostaria de saber como se classifica a rima com o esquema abcb.

Resposta:

Com o esquema abcb, estamos perante um caso de rima alternada (a b c b) entre versos soltos (a b c b), porque rimam os versos pares, mas os ímpares não rimam entre si.

Pergunta:

Na frase «Desapareceu a mala da D. Lurdes», qual a função sintática de «a mala»?

Resposta:

Nessa frase, o sujeito está em posição pós-verbal, decerto porque o seu autor quis privilegiar a ação do desaparecimento, pondo-a em destaque, colocando posteriormente quem/o que desapareceu.

Se se inverter os constituintes da frase, esta ficará do seguinte modo:

«A mala da D. Lurdes desapareceu.»

Portanto, não há dúvida de que o sujeito é o sintagma nominal «a mala da D. Luísa», sendo «da D. Luísa» o complemento determinativo (sintagma preposicional) do nome («mala»).