Eunice Marta - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Eunice Marta
Eunice Marta
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Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre (Mestrado Interdisciplinar em Estudos Portugueses) pela Universidade Aberta. Professora de Português e de Francês. Coautora do Programa de Literaturas de Língua Portuguesa, para o 12.º ano de escolaridade em Portugal. Ex-consultora do Ciberdúvidas e, atualmente, docente do Instituto Piaget de Benguela, em Angola.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Isso pertence à classe de palavras dos pronomes demonstrativos?

Resposta:

Sim, de facto, a palavra isso é um pronome demonstrativo, pois é um pronome «que tem um valor deítico ou anafórico, estabelecendo a sua referência tendo em conta a sua relação de proximidade ou distância com, por exemplo, um participante do discurso ou um antecedente textual» (Dicionário Terminológico).

Isso classifica-se, então, como uma das formas tónicas dos pronomes demonstrativos – tal como isto, aquilo, este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s) –, o que se pode verificar através de consulta do Dicionário Terminológico, recurso disponível da DGIDC.

Nota: A gramática tradicional classifica isso como pronome demonstrativo invariável (forma invariável), a par de isto e de aquilo.

Pergunta:

Gostaria de saber quantas sílabas tem a palavra água e o porquê do modo de divisão silábica.

Resposta:

A palavra água é dissílaba, porque é constituída por duas sílabas – á-gua –, sendo um dos exemplos indicados por Cunha e Cintra, na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 54), o que se pode verificar, também, através da consulta do Portal da Língua Portuguesa e do Vocabulário Ortográfico do Português, dois dos recursos disponíveis da responsabilidade do ILTEC.

A divisão silábica faz-se tendo como base «os sons pronunciados numa só expiração [a cada vogal ou grupo de sons], a que se dá o nome de sílaba» (idem). Ora, a palavra água é constituída por uma sílaba formada por uma vogal – á – e por outra formada por um ditongo crescente acompanhado de consoante – gua.

Repare-se que, na segunda sílaba, se observa a presença de um ditongo crescente, pois há o encontro da semivogal (u) + uma vogal (a) = ua.

 

CfQual é a origem da palavra «água»? + Viagem pelos nomes da água

 

N.E. — De água

Pergunta:

Qual o aumentativo de nuvem?

Resposta:

Enquanto nome/substantivo, a palavra nuvem* pode formar o grau aumentativo, de modo a ficar com um valor exagerado ou intensificado, de duas formas:

– analiticamente, «juntando-lhe um adjetivo que indique aumento [grande, enorme], ou aspetos relacionados com essas noções» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 199), do que resultam formas como «grande nuvem», «nuvem enorme»;

– sinteticamente, mediante o «emprego de sufixos especiais» (os sufixos aumentativos, na forma feminina, -aça, -uça, -arra, -ona, -orra, -zarra, -zorra; cf. idem, pp. 90-92), a partir do que se podem obter formas como nuvenzona, nuvenzorra, ou outras.

É de referir que estas últimas formas são exemplos de possíveis aumentativos de nuvem, feitas a partir das regras de formação (sinteticamente) dos aumentativos.

Trata-se, portanto, de aumentativos que não se encontram dicionarizados nem estabilizados, que podem ocorrer em situações informais, em casos de uso da linguagem familiar e corrente, para se traduzir uma situação em que se realce, pela pos...

Pergunta:

Quantas silabas tem a palavra régua?

Resposta:

A palavra régua é dissílaba, porque é constituída por duas sílabas – ré-gua –, tal como nos indicam o Portal da Língua Portuguesa e o Vocabulário Ortográfico do Português, recursos disponíveis da responsabilidade do ILTEC.

Portanto, a palavra régua é constituída por uma sílaba formada por uma vogal acompanhada de consoante – – e por outra formada por um ditongo crescente acompanhado de consoante – gua.

Pergunta:

A locução «isto é» se enquadra em qual classe morfológica? E tem qual sentido semântico?

Resposta:

Cunha e Cintra, na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 333), explicam-nos que para o caso da locução «isto é» (tal como para o das locuções «além disso», «isto de», «por isso», «por isto», «nem por isso»), «o uso fixou determinada forma do demonstrativo, nem sempre de acordo com o seu sentido básico».

Na mesma linha, Evanildo Bechara, em Moderna Gramática Portuguesa (Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 2009, p. 190), considera como um caso especial de reforço dos demonstrativo a construção fixa «isto é» (e nunca «isso é»), com o valor de «quer dizer» ou «significa», para introduzir esclarecimentos, razão pela qual explica que esta é uma das «construções fixas que nem sempre se regulam pelas normas dos restantes reforços de demonstrativos», em que sobressai «a necessidade de avivar a situação dos objetos e pessoas tratados pelo falante, o que o leva a reforçar os demonstrativos com os advérbios dêiticos aqui, , ali, acolá: este aqui, esse aí, aquele ali ou acolá

Apesar de o seu valor semântico não corresponder à ideia de proximidade (a nível do espaço nem do tempo) inerente a isto, a associação da locução/construção fixa «isto é» aos demonstrativos deve-se ao facto de isto ser um pronome demonstrativo, «que tem um valor deíctico ou anafórico, estabelecendo a sua referência tendo em conta a sua relação de proximidade ou distância com, por exemplo, um participante do discurso ou um antecedente textual» (Dicionário Terminológico).