Eunice Marta - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Eunice Marta
Eunice Marta
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Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre (Mestrado Interdisciplinar em Estudos Portugueses) pela Universidade Aberta. Professora de Português e de Francês. Coautora do Programa de Literaturas de Língua Portuguesa, para o 12.º ano de escolaridade em Portugal. Ex-consultora do Ciberdúvidas e, atualmente, docente do Instituto Piaget de Benguela, em Angola.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Presépio é um nome coletivo?

Resposta:

O termo presépio (do latim praesaepe-, ou praesepĭu-, «estábulo; manjedoura») significa «representação do nascimento de Cristo num estábulo; estábulo» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010), do que se infere que se trata de um nome comum, pois não nos fornece dados de um grupo ou de um conjunto da mesma espécie, de uma parte organizada de um todo (de seres ou de coisas), inerentes ao conceito de coletivo.

Embora haja uma definição de presépio — do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa (2001) —, como «retábulo ou conjunto de figuras representando o nascimento de Cristo e que se costuma usar por ocasião do Natal», o que nos poderia levar a pensar na hipótese de se tratar de de um nome coletivo, a realidade é que não nos podemos basear numa única fonte para se classificar tal nome nessa subclasse.

Para além disso, importa ter como referência a especificidade dos nomes coletivos — «são os substantivos/nomes comuns que, no singular, designam um conjunto de seres ou coisas da mesma espécie» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 178) — e, apesar de a def...

Pergunta:

Gostava de saber se os verbos escrever e dormir têm duas formas de particípio passado.

Resposta:

Não, tanto um verbo (escrever) como o outro (dormir) não são verbos de duplo particípio (ou abundantes), tendo cada um um único particípio passado: escrito e dormido, respetivamente.

O caso de diferença que se destaca aí é o facto de o verbo escrever estar incluído nos verbos de particípio irregular (tal como dizer, fazer, ver, pôr, abrir, cobrir, vir e seus derivados) pois «possui apenas particípio irregular, não tendo conhecido jamais a forma regular em -ido» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 440).

Portanto, enquanto o particípio passado do verbo escrever é irregular (em -ito), o do verbo dormir é regular (em -ido).

Pergunta:

Estando a escrever um artigo e querendo fazer as referências bibliográficas, à luz do novo acordo, também tenho de mudar os títulos dos livros e artigos, sempre que as palavras tenham sofrido alteração?

Obrigada.

Resposta:

Mesmo que o seu texto esteja escrito de acordo com o atual Acordo Ortográfico, não tem de alterar a grafia dos títulos dos livros nem de artigos, assim como a das citações que fizer, devendo assinalar que respeitou a grafia original das fontes bibliográficas indicadas.

Pergunta:

O meu professor disse-me que que as orações substantivas não têm antecedente, e que as adjectivas têm – o que é um antecedente?

Resposta:

Antecedente, tal como a própria palavra evidencia, é algo que antecede, ou seja, que é anterior a outra. Por isso, os pronomes (que substituem um nome) vêm precedidos pelo seu antecedente (o nome a que se referem). Por exemplo, na frase «Eu vi o livro e comprei-o, o pronome o está a substituir «o livro». Portanto, «o livro» é o antecedente do pronome o.

Reparemos na definição dada pelo Dicionário Terminológico (DT): «Antecedente é a expressão lexical a que o pronome relativo está associado e que é modificada pela oração relativa.»

É esta a razão pela qual as relações adjetivas são, distintamente das substantivas, as que têm antecedente. Porque, como são introduzidas por um pronome relativo (que é relativo/referente a algo), este pronome está associado a um antecedente. Por exemplo:

«Os alunos [que são inteligentes] não precisam de estudar tanto» («os alunos» é o antecedente do pronome relativo que).

Estas orações são adjetivas, porque podem ser substituídas por um adjetivo que se refere ao nome ou à expressão que é o antecedente da oração. Por exemplo:

«Os alunos [que estudam] têm bons resultados.» = «Os alunos [estudiosos] têm bons resultados.»

Pergunta:

Em que grau se encontra o adjetivo gigantesco?

Resposta:

Embora, à primeira vista, pareça tratar-se de um grau superlativo devido ao seu significado «muito mais alto do que o normal» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010), a verdade é que o adjetivo gigantesco se encontra no grau normal, pois é a forma adjetiva do nome/substantivo gigante (gigante + -esco).