Eunice Marta - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Eunice Marta
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Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre (Mestrado Interdisciplinar em Estudos Portugueses) pela Universidade Aberta. Professora de Português e de Francês. Coautora do Programa de Literaturas de Língua Portuguesa, para o 12.º ano de escolaridade em Portugal. Ex-consultora do Ciberdúvidas e, atualmente, docente do Instituto Piaget de Benguela, em Angola.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Qual é a origem da expressão «Vai tudo para o Catano»? Existe alguma relação com o Marcelo Caetano?

Resposta:

O termo catano encontra-se registado no Dicionário de Expressões Populares Portuguesas (Lisboa, Ed. Perspectivas & Realidades, 1984), de Guilherme Augusto Simões (que, por sua vez, remete para O Calão – Dicionário da Gíria Portuguesa, de Eduardo Nobre, 1980), como sinónimo de «pénis», sendo usado como «expressão de contrariedade, cujo significado se liga a pénis».

Trata-se, portanto, de uma palavra do domínio do calão, não registada em nenhum dos dicionários etimológicos, mas a que a Infopédia remete para a palavra catana — que, por sua vez, é de origem japonesa, segundo o Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, pois designa um determinado tipo de espada japonesa. É de referir, no entanto, que a bibliografia específica sobre a origem das expressões e locuções correntes não contempla o caso da expressão popular «ir tudo para o catano».

Portanto, não há qualquer relação entre o termo catano e Marcelo Caetano.

Pergunta:

Como devo apresentar versos, graficamente: em texto corrido?; é com separador /? E se houver mudança de linha no fim de um verso, devo colocar a / nas duas linhas, ou só no início da linha seguinte?

Resposta:

Nas citações de versos, quando não queremos dar graficamente a forma estrófica, «apenas temos de acrescentar uma barra (/) entre cada verso, depois da pontuação» (João Soares de Carvalho, A Metodologia nas HumanidadesSubsídio para o trabalho científico, Lisboa, Editorial Inquérito, 1994, p. 49). Por exemplo, Jacinto do Prado Coelho, em Ao Contrário de Penélope (Bertrand, 1976, p. 158) cita Fernando Pessoa ortónimo da seguinte forma: «Mas, em verdade, o que chora / Na minha amarga ansiedade / Mais alto que a nuvem mora, / Está para além da saudade.» (Fernando Pessoa, Poesias ortónimas, p. 137.)

Nota: Nos casos de citação de versos, coloca-se um espaço entre o final do verso e a barra (antes da barra) e entre a barra e início do verso seguinte (depois da barra).

Pergunta:

Qual a diferença (escrita e fonética) da palavra molho (em molho de gravetos/espigas) e molho (molho de limão/mostarda/soja)?

Resposta:

Aconselhamos a leitura de algumas respostas em linha sobre as dúvidas que nos apresenta. São exemplos as seguintes: A família da palavra molho, O Acento gráfico nas paroxítonas, /Acôrdo/, /acôrdos/.

Pergunta:

As minhas dúvidas têm o verbo intervir como tema:

1.ª pergunta: Como está correto dizer: «Eu tenho intervido em vários negócios», ou será «Eu tenho intervindo em vários negócios»?

2.ª pergunta: «Eu venho intervindo em vários negócios», ou o correto será «Eu venho intervido em vários negócios»?

Resposta:

O verbo intervir tem gerado muitas dúvidas, muitas delas derivadas da semelhança fonética de algumas formas verbais com as do verbo ver (como, por exemplo, o uso errado da expressão «eu intervi*» em vez «eu intervim», «ele interviu*» em vez de «ele interveio*», «eles interviram*» em vez de «eles intervieram»).

Por isso, tal como o verbo vir (que tem o particípio passado vindo, e não *vido), o particípio passado do verbo intervir é intervindo.

Nota: as formas assinaladas com * não estão gramaticalmente corretas.

Pergunta:

Como se escreve 307.º por extenso?

Resposta:

O numeral ordinal 307.º, por extenso, regista-se como trecentésimo (ou tricentésmo) sétimo.