Pergunta:
Como saber se o complemento nominal faz ou não parte de outro termo? Por exemplo, em «Ele não quer a venda da casa», o objeto é só «a venda» ou «a venda da casa»? E, em «Aspirina é ineficaz contra ataque cardíaco», por que o predicativo do sujeito é apenas «ineficaz» e não «ineficaz contra ataque cardíaco»? Há algum teste com pronomes para saber se o complemento nominal faz ou não parte de outro termo?
Resposta:
Se é complemento, faz, com certeza, parte de uma unidade maior à qual se liga! Em «Ele não quer a venda da casa», o objecto directo é «a venda da casa», sendo «da casa» o complemento nominal do nome «venda», que, como acontece com muitos dos nomes que se constroem com complemento nominal, é um nome deverbal. Com efeito, «venda da casa» é próximo da expressão «vender a casa», em que o nome «casa» ocorre como objecto do verbo vender. Poder-se-ia dizer que esta é uma forma fácil de identificar o complemento nominal. No entanto, ainda que eficaz, não abrange todas as situações em que ocorrem, ou podem ocorrer, complementos nominais.
No caso da frase «Aspirina é ineficaz contra ataque cardíaco», que, neste lado do Atlântico, teria preferencialmente a forma «A aspirina é ineficaz contra o ataque cardíaco», admitindo que a expressão «contra ataque cardíaco» seja complemento e não adjunto, nada obsta a que se associe, também, ao adjectivo cujo sentido completa. A razão para não integrar essa expressão no predicativo prende-se, a meu ver, com a sua classificação. Parece-me que, ao não fazer essa associação, se está a atribuir à expressão o valor de adjunto, e não de complemento.
Relativamente à existência de testes com pronomes para identificar os complementos nominais, esse tipo de teste é possível, mas apenas em alguns grupos de nomes. Com efeito, podemos agrupar alguns nomes que costumam construir-se com complemento pelas suas características: temos assim, por exemplo, nomes de parentesco, como «o pai do João»; nomes icónicos, como «o quadro de Picasso»; nomes modais, como «a possibilidade de…»; nomes de actividades mentais, como «a hipótese de…», e nomes deverbais, como o caso do que ocorre no primeiro exemplo que apresenta. Nos dois primeiros grupos é possível aplicar o teste da pronominalização: «o pai do João» — «o pai dele»; «o quadro de Picasso»...