Pergunta:
O hormônio glucagon, muito discutido nas aulas de bioquímica, causou-me uma dúvida quanto à sua pronúncia: embora quase a totalidade dos professores pronunciem a palavra como se fosse paroxítona (ou grave), sempre soube que se trata de uma aguda (ou oxítona), uma vez que sempre utilizo as três possibilidades de tonicidade para conferir, de acordo com as regras de acentuação, se a profiro de maneira correta. Assim, se fosse esdrúxula, seria acentuada, já que todas as proparoxítonas são acentuadas: "glúcagon". Se se tratasse de uma palavra grave, também seria acentuada, já que se acentuam as paroxítonas terminadas em "n" (próton, fóton, elétron e cátion, por exemplo): "glucágon". Ora, com esta análise, por eliminação e por ter em mente que as palavras agudas terminadas em "n" não levam acento, concluo que se trata de uma palavra aguda ou oxítona. Gostaria de saber se estou correto ou não e por quê.
Resposta:
A sua análise está correctíssima. Trata-se, efectivamente, de uma palavra aguda. Numa consulta ao Vocabulário Ortográfico Português, disponível no Portal da Língua Portuguesa, além da palavra em si, são-nos fornecidas diversas informações, entre as quais a indicação da sílaba tónica. E aí a palavra aparece como glu.ca.gon. Com a divisão silábica e com indicação da sílaba tónica.
Porém, a verdade é que a grande maioria das palavras terminadas em -n no português são graves, havendo, mesmo, algumas esdrúxulas. Quando agudas, são, habitualmente, consideradas estrangeirismos, sendo grafadas em itálico. É o que acontece, por exemplo, com vison no Dicionário Houaiss, onde, no entanto, glucagon ocorre sem itálico. Por outro lado, as palavras agudas terminadas em -on têm tendência a evoluir, transformando o -n em -m, como em baton > batom, ou o -on em -ão, como acontece em biberon > biberão.