Pergunta:
Porque se pode considerar guerrilha uma base simples e embarcadoiro uma base complexa? Guerrilha não é já por si um derivado de guerra, e a base simples não é aquela que não se pode segmentar em mais unidades?
Resposta:
O caso de guerrilha é ambíguo, do ponto de vista da análise morfológica. Por um lado, é analisável como uma palavra complexa1, constituída por duas unidades: por guerra e por -ilha, forma feminina do sufixo -ilho (ver Evanildo Bechara, Moderna Gramática do Português, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, pág. 363).
Por outro lado, como o Dicionário Houaiss indica, guerrilha é termo importado do espanhol, o que significa que não pode ser analisada morfologicamente em português e, por isso, é palavra simples (é uma unidade só). Note-se que, mesmo em espanhol, o termo guerrilla já não é analisado como diminutivo de guerra; é antes um diminutivo que se lexicalizou, isto é, adquiriu um significado próprio irredutível à soma dos significados dos constituintes do diminutivo.
Cabe a propósito referir que existe um número importante de palavras portuguesas de origem espanhola que permitem deduzir um elemento -ilho/-ilha, a que se acaba por atribuir a noção de «pequenez». O referido Houaiss assim o confirma, quando consigna o sufixo -ilho como importação do espanhol -illo:
«formador de subst[antivos] masculinos do lat[im] -icŭlu- ou -ilĭu-, das orig[ens] da língua, de dim[i nutivos] designativos de referencial diferente do primitivo: achaquilho, afogadilho, arremedilho, asnilho, cangotilho, cursilho, moradilho, pacotilho, rucilho, sapatilho etc. (vocabularizados, há cerca de 200, num universo de 100 mil); a cronologia do voc[abulário] exemplificado, a cada caso, pode presumir que se trata de empr[és]t[imo]...