Pergunta:
Sobre a vossa resposta à pergunta «A capital da República da Macedónia», a transliteração seria "Sekópie", como se lê Skopje em macedónio. Logo, talvez, Skopie... Não haverá na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) uma academia ou outra instituição que possa fazer um vocabulário para resolver (de vez) estas dúvidas toponímicas?
Resposta:
A sua sugestão tem sentido, mas parece-me que o caso em apreço não se resolve tendo em conta uma (simples?) transliteração. Há também certos critérios fonológicos e ortográficos em formas que são aportuguesamento de topónimos estrangeiros. Explico-me melhor:
a) "sekópie" é transliteração possível apenas em português europeu, porque o e átono nessa variedade é de tal modo breve, que muitas vezes cai, permitindo encontros de consoantes: por exemplo, se, entre falantes portugueses, secar soa "scar", então "sekópie" salienta-se como boa transliteração porque soa "scópie";
b) contudo, em português brasileiro (e noutras variedades), a transliteração "sekópie" é estranha, porque a fonologia do português brasileiro, continuando a do português medieval e clássico, impõe a prótese de um e em empréstimos começados por s + consoante: é por isso que Strassbourg é Estrasburgo e não "Setrasburgo", e Stuttgart é Estugarda e não "Seturgarda".
Sendo assim, continuo a achar que Escópie ou Escópia são aportuguesamentos adequados de Skopje.
Quanto às entidades ou instituições que podem intervir na fixação da ortografia da onomástica (incluindo a toponímia), já aqui nos referimos à acção da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (ver Textos Relacionados).