Carlos Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Rocha
Carlos Rocha
1M

Licenciado em Estudos Portugueses pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Linguística pela mesma faculdade e doutor em Linguística, na especialidade de Linguística Histórica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, destacado para o efeito pelo Ministério da Educação português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Em documentação do século XVIII encontrei com muita frequência o termo «priostato da freguesia...». Será que é o mesmo que «priorado da freguesia...»?

Obrigado.

Resposta:

A palavra está registada como priostado no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, como «cargo ou função de prioste».

Um prioste é um arcaísmo que se refere, «em épocas antigas, [ao] cobrador de rendas eclesiásticas» (Dicionário Houaiss). Não se trata, portanto, do mesmo que prior, nem priostado é equivalente a priorado.

A palavra tem origem no «francês antigo pre(v)ost (sXII, prévot 1828), "nome de diversos magistrados e oficiais civis", forma divergente de preboste e de preposto, do latim praepositus, "preposto", substantivação de praeposĭtus, a, um particípio passado de praeponere, "prepor"».

Pergunta:

Porque é que dói se acentua, e foi não?

Sou um estudante de Português.

Obrigado.

Resposta:

A diferença a que se refere a pergunta deve-se ao facto de, em português, o o do ditongo oi poder ser aberto ou fechado. Fala-se, por isso, de ditongo aberto (rói) e ditongo fechado (foi). Na ortografia portuguesa, acentuam-se os ditongos decrescentes abertos que ocorrem em monossílabos e palavras agudas (palavras com duas ou mais sílabas). É por isso que dói, rói, destrói e caracóis têm acento agudo.

No entanto, se o ditongo oi ocorre sem acento agudo nas condições já descritas, é porque é fechado:

boi, foi, Estoi (topónimo) (pronunciam-se "bôi", "fôi", "Estôi").

Esta regra de acentuação gráfica não é alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990 (AO 90, Base VIII, d):

«As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, éu ou ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói (de correr), herói(s), remói (de remoer), sóis. »

Note que ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1945 (AO 45) também se acentua sempre oi quando este tem o aberto, em palavras agudas: lençóis (AO 45, Base XIII).

Refira-se que, em princípio, es...

Pergunta:

Qual o plural da palavra penão?

Resposta:

A forma penão pode corresponder, pelo menos, a dois substantivos diferentes, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora (disponível na Infopédia):

1. «bandeira» (antigo; do francês pennon, segundo o Dicionário Houaiss);

2 . «pluma grande» (antigo).

O Vocabulário Ortográfico do Português, do ILTEC, regista o plural penões. Em qualquer um dos substantivos, o plural penões tem justificação pelo facto de ambos remontarem etimologicamente a formas terminadas em -om.

Assinale-se que o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, também regista penão, «vela latina», descrevendo-o termo da Índia (ver também o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Neste caso, cuja etimologia não foi possível apurar, é de supor que também se deva usar o plural penões, talvez por analogia com as formas já descritas – não foi possível encontrar fontes que confirmassem esta sugestão.

Pergunta:

Qual o plural da palavra penão?

Resposta:

A forma penão pode corresponder, pelo menos, a dois substantivos diferentes, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora (disponível na Infopédia):

1. «bandeira» (antigo; do francês pennon, segundo o Dicionário Houaiss);
2 . «pluma grande» (antigo).

O Vocabulário Ortográfico do Português, do ILTEC, regista o plural penões. Em qualquer um dos substantivos, o plural penões tem justificação pelo facto de ambos remontarem etimologicamente a formas terminadas em -om.

Assinale-se que o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, também regista penão, «vela latina», descrevendo-o termo da Índia (ver também o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Neste caso, cuja etimologia não foi possível apurar, é de supor que também se deva usar o plural penões, talvez por analogia com as formas já descritas – não foi possível encontrar fontes que confirmassem esta sugestão.

Pergunta:

Porque é que dói se acentua, e foi não?

Sou um estudante de Português.

Obrigado.

Resposta:

A diferença a que se refere a pergunta deve-se ao facto de, em português, o o do ditongo oi poder ser aberto ou fechado. Fala-se, por isso, de ditongo aberto (rói) e ditongo fechado (foi). Na ortografia portuguesa, acentuam-se os ditongos decrescentes abertos que ocorrem em monossílabos e palavras agudas de uma sílaba. É por isso que dói, rói, destrói e caracóis têm acento agudo.

No entanto, se o ditongo oi ocorre sem acento agudo nas condições já descritas, é porque é fechado:

boi, foi, Estoi (topónimo) (pronunciam-se "bôi", "fôi", "Estôi").

Esta regra de acentuação gráfica não é alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990 (AO 90, Base VIII, d):

«As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, éu ou ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói (de correr), herói(s), remói (de remoer), sóis. »

Note que ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1945 (AO 45) também se acentua sempre oi quando este tem o aberto, em palavras agudas: lençóis (AO 45, Base XIII).

Refira-se que, em princípio, este contraste ditongo aberto e ditongo fechado também existe entre éi e ei: fiéis (plural de fiel) vs. fieis (2.ª pessoa do plural do presente do indicativo do verbo fiar). Contudo, este contraste é cada vez menos produzido entre os falantes de port...